Quando Itália e Malta recusaram receber um navio com 629 migrantes à deriva no Mediterrâneo, o Homem Branco indignou-se ( justamente!) com a desumanidade de Salvini. Como já se indignara com Orban, Erdogan, Marine Le Pen, Trump e outros que escolhem um discurso populista com cada vez mais adesão nas ruas e nas urnas.
As indignações passam depressa, por isso, logo que o Aquarius ancorar em porto seguro e depositar os migrantes, o assunto deixará de ser notícia.
Muitos dos indignados nem sequer chegarão a saber que os migrantes foram divididos por 3 barcos, por razões de segurança, nem que muitos deles disseram que não queriam ir para Espanha - quase provocando uma rebelião a bordo - porque já estarão a indignar-se com a desdita de mais 800 migrantes que andam à deriva no Mediterrâneo, na expectativa de encontrarem um porto de abrigo.
Depois espantem-se com o crescimento da extrema direita e a radicalização do discurso xenófobo.
Já não viverá muito tempo quem não assistir a uma mudança radical no discurso europeu, relativamente ao acolhimento de migrantes nas águas do Mediterrâneo.