Penso que a saída de Sócrates do PS só peca por tardia. Ou melhor... o ideal teria sido que Sócrates nunca tivesse entrado para o Partido Socialista. Não por ele, mas por ter trazido, ou dado protagonismo E PODER a gente pouco recomendável ( muito ao estilo da que Cavaco infiltrou no PSD) que não só minou a credibilidade do PS, como lhe retirou grande parte da sua essência ( como Passos Coelho fez no PSD)
Como sabe quem me acompanha há mais tempo, apesar de encontrar algumas coisas positivas na governança, teci aqui duras críticas a Sócrates e não poupei alguns elementos da sua entourage. Já em 2008 ( ainda este blog não tinha completado um ano de existência) me insurgia contra este nauseabundo cromo.
Diga-se, a talho de foice, que foi na distrital do Porto, sob a égide de Renato Sampaio, que germinou uma das mais perniciosas células do Socratismo que, curiosamente, se perpetuaram com António José Seguro e deram força a Rui Moreira.
As criticas que ao longo dos anos fui aqui fazendo ao aparelho socrático foram na generalidade mal compreendidas. Espero que agora, depois de José Sócrates ter pedido a demissão do PS, muitos dos que me criticaram as percebam. É que não foi por acaso que escolheu o JN para anunciar previamente ao país a demissão do PS ...
Diga-se, em abono da verdade, que se a demissão de Sócrates peca por tardia, não deixa de ser criticável que tenha ocorrido, apenas, porque a justiça em Portugal é lenta e perversa. Em vez de fazer julgamentos nos tribunais, escolhe a praça pública, vai cozendo as pessoas em lume brando e entrega a sentença à justiça popular, através de editais martelados na comunicação social.
Não me custa acreditar que o procurador Rosário Teixeira e o juiz Carlos Alexandre, tenham festejado a demissão de Sócrates efusivamente. Admito mesmo que tenha merecido brinde especial à hora do almoço. Não apenas pela demissão, mas essencialmente pelo rombo que inevitavelmente provocará no PS
Lamentavelmente, a demissão de Sócrates é apenas mais um episódio que ilustra o estado miserável da nossa Justiça.
Não há, por isso, razões para os adversários do PS se congratularem com a demissão de Sócrates e aproveitarem para fazer extrapolações. Deviam, outrossim, lamentar que a Justiça se intrometa de forma tão perniciosa na vida política e partidária.