Nunca fui Centeno. Por norma, antipatizo com ministros das finanças, porque vejo sempre um Salazar em cada um deles. Também não fui entusiasta da nomeação de Mário Centeno para o Eurogrupo. Sempre receei que isso o envaidecesse e, inebriado pelo cargo, esquecesse o país.
Infelizmente, parece que os meus receios tinham fundamento.
Ninguém ousará negar que milhares de portugueses devem a este governo e a a Mário Centeno a devolução daquilo que o governo PSD/CDS lhes extorquiu, para cumprir a promessa de Passos Coelho, de ir além da troika.
Mário Centeno não vai além da troika porque, em certa medida, ele faz parte da troika. É isso que lhe tira o discernimento e fomenta a obsessão do défice. Neste momento, Mário Centeno começa a ser um embaraço para o governo de António Costa e para a geringonça, porque sofre da síndrome do bom aluno e quer ficar bem visto em Bruxelas. Como o seu antecessor Gaspar.
Obviamente que não há dinheiro para satisfazer de imediato as múltiplas reivindicações ( quase sempre justas, mas por vezes irrealistas) de vários grupos sócio profissionais, mas a forma como Mário Centeno rejeita liminarmente quaisquer cedências, não são aceitáveis.
Inaceitáveis são também algumas cativações, sejam elas explícitas ou respaldadas na recusa de uma assinatura, como foi o caso do Hospital de S. João. Qualquer doente deve ser respeitado pelo Estado, mas ainda mais crianças com doenças oncológicas, sujeitas a enorme sofrimento.
É inadmissível que a obsessão pelo défice esteja a impedir o Estado de cumprir as suas obrigações.
Começo a perceber porque chamam a Mário Centeno o CR7 das Finanças. Um faz magia com a bola nos pés, o outro com uma folha de Excel. Mas há uma grande diferença: CR7 adora crianças. Mário Centeno despreza-as.
Inaceitáveis são também algumas cativações, sejam elas explícitas ou respaldadas na recusa de uma assinatura, como foi o caso do Hospital de S. João. Qualquer doente deve ser respeitado pelo Estado, mas ainda mais crianças com doenças oncológicas, sujeitas a enorme sofrimento.
É inadmissível que a obsessão pelo défice esteja a impedir o Estado de cumprir as suas obrigações.
Começo a perceber porque chamam a Mário Centeno o CR7 das Finanças. Um faz magia com a bola nos pés, o outro com uma folha de Excel. Mas há uma grande diferença: CR7 adora crianças. Mário Centeno despreza-as.
Espero que António Costa não se deixe contagiar pela obsessão de Centeno com o défice e perceba que os portugueses não compreenderão que o governo continue a alimentar o vampirismo dos bancos, insista no défice zero e fragilize o SNS ou o sistema de ensino, deixando o sistema colpaar e doentes à mercê de números e cifrões.
O conforto que, pelo menos aparentemente, sente com a eleição de Rui Rio, não o pode fazer esquecer que o seu compromisso é ( e terá de continuar a ser) com a esquerda, o que significa mais justiça social e atenuar as desigualdades sociais.
Se o governo se desviar desse rumo, é compreensível que os partidos que o sustentam reajam e apertem o cerco, deixando António Costa em maus lençóis e a direita a salivar.