No Verão passado os portugueses indignaram-se ( justamente) com os incêndios que devastaram o país, lamentaram as mortes e, incapazes de admitirem que, para além das condições atmosféricas, também eles tiveram responsabilidade directa na tragédia, reclamaram a demissão de uma ministra.
Por estes dias, muito se tem falado da poluição no Tejo. Desinformados, cépticos ou críticos em matéria de legislação ambiental, não se apercebem que o desastre ambiental que está a afectar o nosso maior rio pode ter consequências bem mais catastróficas para o país do que os incêndios.
Como não há perda de vidas humanas e desconhecem todas as implicações das descargas, os portugueses insurgem-se contra as empresas que as fazem, mas não pedem a demissão de um ministro do ambiente que é co-responsável pelo que se está a passar.
É bom não esquecer que foi este governo que autorizou, em 2016, que as celuloses triplicassem o volume das descargas no Tejo.
É importante recordar que todos os partidos votaram contra uma proposta do Bloco de Esquerda que pretendia o corte drástico das descargas ( Agora, depois de casa roubada, todos estão de acordo...)
Os jornais do costume, como o Esterco da Manha, também não dão relevo ao desastre ambiental no Tejo, nem põem as redes sociais a bombar na amplificação da indignação, porque.... bem... deixo à vossa perspicácia a explicação para este estranho e cúmplice silêncio.