Desde miúdo que sou céptico em relação à justiça. A
frequência do curso de Direito apenas me ajudou a confirmar aquilo que já
suspeitava: a justiça é um jogo viciado onde os poderosos vencem (quase)
sempre. Para os outros ( a maioria) a
justiça é uma roleta russa onde sai vencedor quem melhor conhecer e souber
manejar a arma ( as leis).
Mas não é só nos tribunais que a justiça é iníqua. Também na
justiça desportiva a lei é aplicada em
função dos protagonistas, sendo regida pela discricionariedade de quem julga. Era
ainda uma criança quando vi um Calabote a fazer todos os esforços para falsificar
um resultado e, desde então, sempre
desconfiei da isenção dos árbitros. Ao longo da vida vi Paixões, Reinaldos,
Rolas e quejandos, manipular resultados em função dos seus amores clubísticos e
do respeito por quem manda no mundo do desporto.
Continuo a acreditar que, na generalidade, os juízes e os
árbitros são honestos, mas basta uma maçã podre para
adulterar a verdade e conspurcar o bom
nome da classe. Ontem, uma dessas maçãs podres pegou no apito e entrou num
estádio de futebol disposto a falsificar um resultado. Não conseguiu, mas a sua desonestidade foi
tão evidente, que só a cobertura corporativa que a classe dá aos seus
correligionários desonestos, impede que o senhor seja severamente punido e irradiado.
Não, não foi na Luz que esteve esse homem do apito que envergonharia a classe se,
porventura, os árbitros tivessem vergonha.