Deputados da oposição, especialistas da área económica, financeira ou da treta, jornalistas e comentadores afectos a PSD, CDS e afins, têm tecido duras críticas a todos os OE do actual governo.
Nos dois primeiros anos diziam que os OE eram irrealistas, os objectivos não poderiam ser cumpridos e era inevitável um novo resgate. A realidade desmentiu-os com iniludível firmeza.
Cansados de falhar as previsões, os profetas da desgraça centram as críticas ao OE 2018, no facto de condenar à indigência as gerações futuras, vítimas da tresloucada teimosia da geringonça em devolver salários e pensões que o governo PSD/CDS, com a prestimosa colaboração do então presidente da CE, Durão Barroso*, roubou a funcionários públicos e reformados.
Confesso que fico desvanecido com a preocupação dos Pafiosos em relação às gerações futuras. Pena é que não bata a bota com a perdigota.
Com efeito, se a preocupação dos Pafiosos for genuína deveriam, antes de mais, exigir que fossem tomadas medidas que assegurassem uma efectiva preocupação ambiental, nomeadamente em relação ao desenvolvimento e consumo sustentáveis, bem como no combate à desertificação do país.
Ora todos sabemos que as medidas tomadas pelo anterior governo nesta matéria foram sistematicamente perniciosas para a defesa do ambiente, dos solos e do território em geral.
Quero por isso alertar todos os que criticam o OE por não salvaguardar os interesses financeiros das gerações futuras, que não há razões para alarme. Se a destruição continuar a este ritmo frenético, as gerações futuras terão que se preocupar com problemas bastante mais vitais do que a questão financeira. Como a falta de água, por exemplo...
*Em tempo: para quem tem a memória curta, recordo que em 2013 Durão Barroso prestou-se a um papel miserável para ajudar o governo. Temendo um chumbo do Tribunal Constitucional a medidas como o corte dos salários e pensões, encarregou alguns funcionários da Comissão ( à qual presidia) de elaborar um relatório onde "acusava" o TC de se comportar como um "legislador negativo". O relatório questionava a idoneidade e isenção dos juízes. sugeria que alguns estavam comprometidos politicamente com a oposição e terminava com a ameaça de um segundo resgate se os cortes fossem considerados inconstitucionais.
O TC chumbou os cortes e, quatro anos depois, não houve novo resgate, os salários e pensões foram restituídos, a economia está a crescer, o desemprego a baixar, a dívida a ser reduzida e o investimento externo a aumentar. As Cassandras, afinal, eram alcoviteiras ao serviço dos poderosos.