No primeiro semestre deste ano registaram-se mais 44 mortes na estrada do que em igual período de 2016. Nunca, nos últimos 20 anos, houve tantas mortes nas estradas portuguesas.
Não tardou a oposição a exigir explicações ao governo que, obviamente, não soube responder.
Ora como o governo não sabe explicar, apareceram logo especialistas a apontar as causas do aumento da sinistralidade.
Há explicações para todos os gostos mas, inevitavelmente, o excesso de velocidade é que recolhe o maior número de adeptos.
A opinião mais original é a do ACP que "descobriu" que a introdução de portagens nas ex-SCUT aumentou a sinistralidade.
Existindo tantos opinadores, também me sinto no direito de avançar com a minha, baseada exclusivamente na minha observação pessoal:
- Conduz-se cada vez pior em Portugal e os condutores cometem infracções e transgridem, porque sabem que, com a excepção dos excessos de velocidade e dos controles da alcoolemia em horas e locais que todos conhecem, a impunidade é generalizada.
Algumas transgressões tornaram-se banais:
Conduzir enquanto se fala ao telemóvel; mudar de faixa de rodagem pisando risos contínuos; ignorar os sinais vermelhos; entrar nos acessos a auto estradas e vias rápidas sem respeitar a sinalização horizontal; estacionar em locais que condicionam a visão dos outros condutores.
Só uma análise detalhada das características da sinistralidade, com o cruzamento de dados, permitirá conhecer a causa dos acidentes, mas espanta-me que a polícia não aproveite este filão para aplicar multas e, por via indirecta, disciplinar os condutores tugas.
Enquanto a "balda" continuar, não vale a pena introduzir novas regras no Código da Estrada.E, muito menos, criar normas de eficácia muito duvidosa, como a que condiciona a circulação na faixa central das auto estradas. Gostaria que a ANSR divulgasse quantos acidentes ocorreram relacionados com essa polémica regra.
O aumento da sinistralidade não pode ser encarado com displicência pelo governo. Até porque há um dado que merece muita reflexão: apesar de ter aumentado o número de mortes nas estradas, diminuiu o número de acidentes.