Não foi propriamente uma lição. Foi antes a confirmação daquilo que eu suspeitava...
A receita do concerto solidário com as vítimas de Pedrógão Grande está a desencadear uma guerra política, bem demonstrativa do respeito que os políticos têm pelas vítimas, mas também da forma como certas organizações aproveitam a solidariedade dos portugueses para fazerem política.
Contra todas as regras básicas do bom senso, os promotores do concerto entregaram o dinheiro à União das Misericórdias, descurando o facto de o presidente da Misericórdia local ser presidida pelo candidato do PSD à Câmara de Pedrógão.( Aquele que inventou uns suicídios na sequência dos incêndios).
O actual presidente da Câmara, eleito como independente numa lista do PSD em 2013 e que se candidata novamente em 2017 como independente, mas agora na lista do PS, não gostou e reclama que a verba angariada seja entregue ao Fundo de Apoio às Vítimas, gerido pelo Estado.
Sempre disse que era difícil ser solidário em Portugal, porque nunca sabemos onde vão parar as verbas destinadas a apoiar vítimas de catástrofes. Saber que estas foram distribuídas com evidentes conotações partidárias mete-me nojo e ensinou-me que por nada me devo desviar do princípio que sempre defendi: escolhe aqueles a quem queres ajudar. Nunca entregues essa tarefa a terceiros, porque corres o risco de o teu gesto solidário não chegar aos destinatários.