Confesso que a prova me passou ao lado mas hoje, quando ouvi
anunciar o nome do vencedor, recordei
com alguma nostalgia a primeira edição, realizada em outubro de 1967.
Nas primeiras edições o Rali durava quase uma semana, começava
em 10 ou 12 cidades europeias até os
concorrentes se juntarem num ponto comum. Era então que o Rali começava “a doer”.
As classificativas começavam no norte
e terminavam na louca noite de Sintra,
depois de várias etapas que chegavam a ter 1000 quilómetros!
Eu não era grande apreciador do desporto automóvel, mas
lembro-me perfeitamente da loucura que
foi aquela primeira edição.
Estava nas vésperas de me emancipar do colo familiar (viria
nesse mesmo ano para Lisboa mas, por aqueles dias, estava a aguardar a
transferência de Coimbra, onde inicialmente me inscrevera por pressão dos meus
pais, que me queriam mais perto de casa) e o Rali de Portugal foi uma prova de
fogo. Com um grupo de amigos fanáticos por automóveis, acompanhei a prova do
primeiro ao último minuto. Quase não íamos à cama, comíamos mal e quase sempre
em restaurantes apinhados de adeptos absolutamente fanáticos.
Nos dois anos seguintes apenas fui à noite de Sintra, mas o
entusiasmo diminuiu consideravelmente.
Lembro-me, no entanto, que o Rali terminava na madrugada de
domingo nas arcadas do Estoril ( onde actualmente tem início o Rali de Portugal
Histórico) mas, naquela época, estava longe de imaginar que 50 anos depois
haveria de morar nessas arcadas.