Assinala-se hoje o Dia Mundial dos Direitos dos Consumidores.
Muito teria a dizer sobre a vacuidade desta data, cuja única serventia é dar oportunidade a alguns governantes ( sejam eles europeus ou nacionais) de aparecerem a fazer uns discursos e evocar Kennedy.
Para não vos maçar, recordo apenas que, em nome da globalização, espezinharam-se os direitos dos consumidores e reduziu-se a defesa do consumidor a uma amálgama de articulados jurídicos centrados em questões de índole financeira.
O nosso futuro depende, em boa parte, dos padrões de consumo que adoptamos. Desde a educação alimentar, à educação financeira, passando pela segurança e pelo direito à reparação de danos, a defesa do consumidor assenta em dois pilares fundamentais: sustentabilidade e ética.
Não haverá futuro se não forem garantidos padrões de consumo sustentáveis e não haverá sustentabilidade se não houver padrões éticos que pautem as relações entre consumidores, produtores e prestadores de serviços.
Há duas décadas, a ética no consumo passava por rejeitar produtos e serviços de empresas que recorressem ao trabalho infantil ou escravo e não respeitassem as regras e padrões de sustentabilidade ambiental.
Hoje em dia, a ética no consumo também passa pela área financeira. E esta tem variadas vertentes. Uma delas passa por rejeitar produtos de empresas (portuguesas ou com actividade principal em Portugal) que se deslocalizam para outros países, para pagarem impostos mais baixos, escapando assim aos seus deveres fiscais com o país de origem.
Pois,pois, estou a lembrar-me do Pingo Doce, mas não é a única.
E não me venham com histórias da Carochinha, falar da Fundação Manuel dos Santos ou de actividades de solidariedade que várias empresas promovem, como mais valias para os portugueses. Somos nós que estamos a pagar essas actividades.