Dias depois começaram a chegar-me relatos de pessoas que garantiam passar-se situação idêntica em Portugal. Não me surpreendi, apenas avolumei suspeitas que já tinha por relatos anteriores. Infelizmente, o meu estado de saúde não me permitiu investigar. Foi por isso, com redobrada atenção, que na semana passada segui o Sexta às 9.
Com a frontalidade habitual e os fundamentos que, na generalidade, pautam as investigações da equipa do Sexta às 9, técnicas da Segurança Social foram acusadas de fazer relatórios falsos, com o objectivo de agilizar a adopção de crianças, retirando-as injustificadamente da tutela maternal. Um dos casos relatados foi o de um bebé com 5 dias que foi retirado à mãe, com justificações nada convincentes.
Hoje, o Sexta às 9 revela que essa criança foi devolvida à Mãe na sequência da denúncia feita no programa.
Há muitas situações nebulosas em volta dos processos de adopção em Portugal ( abrangendo técnicas da Segurança Social e trâmites da Justiça) que o Sexta às 9 revelou. Algumas não passam de meras suspeitas que carecem de confirmação, mas depois de o problema ter sido levantado, nada ficará na mesma. A bem do interesses das crianças e do direito dos pais a educá-las.
São casos destes que me fazem ter orgulho nesta profissão.
O Sexta às 9 é um dos melhores programas de investigação da televisão portuguesa, mas tem pouca repercussão na opinião pública e na própria comunicação social, porque há muita inveja quando a televisão pública faz um bom trabalho.
Não raras vezes, vejo canais privados a repescar temas abordados pela RTP. Vestem-lhes novas roupagens, acrescentam uma pitada de sensacionalismo e servem como novidade.
Há tão poucos jornalistas empenhados em fazer investigação que bem podiam unir esforços, em vez de se guerrearem. Isso só dá força aos jornalistas do "triqui triqui" que fazem jornalismo sentados na redacção ou à mesa de restaurantes e botecos em confraternizações bem regadas.
Jornalismo de intriga, ou de favores, foi coisa que nunca me interessou.