Lamento, mas ainda não estou farto de escrever e falar sobre Trump.
Admito que haja aqui e ali algum empolamento nas redes sociais, mesmo alguns exageros, mas o pior que poderá acontecer ao mundo é ficarmos indiferentes à espera do que aconteça a seguir.
Espanta-me, outrossim, que as pessoas não se indignem, nem se apavorem, com as medidas anti-imigração de Donald Trump, ou com as suas declarações sobre a NATO, a ONU, ou a UE.
Pior ainda, assusta-me que as pessoas as aceitem passivamente. A História mostra-nos à saciedade exemplos de ditadores que floresceram graças à passividade dos povos. Um exemplo? Fossem os portugueses um bocadinho menos egoístas e Salazar não teria governado 40 anos.
Não caio na parvoíce de dizer que Trump é igual a Hitler, ou que é fascista. Não é. O problema é que a forma como ele governa e olha para o mundo favorece a ascensão da extrema-direita, bem pior do que Trump.
Já admiti aqui, até, que a vitória de Trump pode ser benéfica para a Europa. O que não consigo é ficar indiferente ao que se está a passar nos EUA.
O meu posicionamento na vida nunca foi o de " Andar à toa na Vida/ A Ver a Banda Passar". Nunca contribuirei para o "saneamento" de um louco que coloca em perigo a paz mundial. Sempre lutei pelos meus ideais e continuarei a fazê-lo enquanto para isso tiver forças e discernimento. Se isso chateia alguém, paciência.
O decreto anti imigração não me afecta pessoalmente, mas não consigo ficar indiferente ao facto de Trump ter proibido, sem qualquer aviso prévio, a entrada nos EUA de cidadãos com autorização de residência no país.
Talvez seja parvoíce minha, mas sou sensível aos efeitos que esta medida provoca, como a separação de famílias, ou o esboroar, em minutos, de uma vida construída com esforço.
Sim, preocupo-me quando imbecis, que não medem as consequências dos seus actos, chegam a presidentes de um dos mais poderosos países do mundo e desatam a fazer decretos que destroem a vida de famílias inteiras.
Se me indignei contra as medidas imbecis de Passos Coelho, devo calar-me em relação a medidas ainda piores, só porque os EUA ficam longe? Peço desculpa, mas ainda consigo ver os efeitos globais de uma medida tomada, digamos... localmente.
Trump assusta-me porque, não sendo Hitler, toma medidas que o recordam e animam a extrema direita a prosseguir a sua escalada anti imigração e contra os refugiados. (Veja-se o que ainda hoje se passou no Québec. Apesar de Trudeau ser um líder exemplar, o efeito Trump atravessou a fronteira do Canadá)
Trump assuta-me porque está a colocar em perigo a paz no mundo.
Devo dizer, no entanto, que igualmente me assustam ( e muito!...) as pessoas que manifestam a sua indiferença, ou se dizem cansadas de ouvir falar de Trump.