Mentiria se vos dissesse que nunca fui surpreendido pelo inesperado beijo de uma mulher. Felizmente isso aconteceu algumas vezes. A primeira vez tinha eu 14 anos e ela 16. Aconteceu no então imaculado areal de Benidorm e os leitores que seguem o CR há mais tempo já sabem o que sucedeu depois: fomos ambos parar à esquadra e os nossos pais tiveram de pagar uma multa por "ofensa à moral pública" protagonizada pelos seus rebentos.
Foi no entanto entre os 30 e 45 anos - idade em que, modéstia à parte, as mulheres me achavam muita piada- que mais vezes fui alvo de inesperadas ( mas quase sempre saborosas) investidas femininas. Escrevo "quase sempre" porque uma vez houve em que estando com um grupo numa discoteca, a curtir um desgosto amoroso, uma senhora tentou "curar-me" fazendo um feroz ataque que culminou com um esplendoroso beijo no meio da pista. A minha reacção foi intempestiva e deixei-a a dançar sozinha, o que me viria a valer o epíteto de "maricas".
Confesso, com pesar, que errei, estou francamente arrependido e estou há muitos anos a ser castigado. Na verdade já não me recordo da última vez em que fui alvo dessas manifestações arrebatadoras. Há muitos anos que sou obrigado a tomar a iniciativa.
Hoje poderia estar aqui a celebrar o dia em que os lábios de uma mulher se voltaram a cruzar com os meus, por iniciativa feminina, não se desse o caso de a cena que vos passo a relatar ter contornos de VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
A cena passou-se há umas semanas quando tive de ir a Lisboa. Ao chegar a casa fui à caixa de correio ver a correspondência e encontrei uma carta com um remetente inesperado e surpreendente.
Sem pedir autorização, Assunção Cristas violou a minha caixa de correio com propaganda obscena. Começa por me informar que vai candidatar-se à CML - até aqui tudo bem- mas depois promete fazer política PELA POSITIVA. É aqui que começa a pornografia.
Uma fulana que tudo fez para demitir o ministro das finanças que credibilizou o país, não se coibindo de pedir a violação do artº 34 da CRP; que está constantemente a acusar o governo de não cumprir as suas promessas; que tem a lata de me dizer que o país deve muito a Paulo Núncio e finge desconhecer as acusações de favorecimento à Mota Engil que impendem sobre Paulo Portas , envia-me uma fotografia e escreve-me uma carta a dizer-me que quer fazer política PELA POSITIVA?
Isto já era suficiente para a acusar de violência doméstica, mas Assunção Cristas remata a epístola, enviando-me um beijinho.
Ora aqui é que a porca torce o rabo, porque a minha mulher não conhece a Cristas de lado nenhum e ao ver aquela fotografia e a mensagem do beijinho, ficou a pensar que eu a ando a trair.
Fique sabendo, D. Cristas, que pode candidatar-se à CML, à Presidência da República ou da Associação Recreativa da Marmeleira, mas não precisa de me avisar, pois estou-me nas tintas. O que não admito é que me ande a invadir a caixa do correio e a mandar beijinhos, provocando com esse atrevimento desavenças familiares. ENTENDIDO?
Uma mulher ciumenta é uma mulher cruel. Felizmente, que o beijinho veio da Assunção Cristas, mulher que o Carlos odeia. Portanto, a sua mulher não tem razão para ter ciúmes.
ResponderEliminarO Martin Schulz também me escreveu, mas sem mandar beijinhos, ele prefere comer fígado de pato em vez de beijar mulheres dos países do sul da Europa.
Uma crónica com muita piada.
Espero que tenha também enviado uma carta à senhora Cristas que não me parece que venha aqui ler as CR que eu pensava ser Cristiano Ronaldo, mas afinal não.
ResponderEliminarInteressante, essa perspectiva feminina. O digital é incorpóreo desdenha de figura, cinge-se quase só à mente. Julgo que o ego masculino fica satisfeito com a afirmação de elas é que vinham cá ter, achavam-me graça.
Pois, já me tinham dito que a senhora em causa se despede com um beijinho. Considero demasiado coloquial, mas julgo que é intrínseco à candidata ser um tanto a despropósito.
Não veja nem sombra de vaidade ou marialvismo neste post, Bea. Pode não acreditar, mas eu era ( e ainda sou) extremamente tímido. Era essa a razão de algumas mulheres me acharem piada e, por vezes, me "provocarem".
Eliminarembora pareça que me referia ao post, olhe que não. Na verdade nem parece marialva, é uma descrição desapaixonada.
EliminarMas lembrou-me na verdade esse toque de glória suprema que todos conhecemos e é um bocado abominável "não precisei fazer nada, nem estender o braço".
Pelos posts julgo-o pessoa inteligente e recatada. não rima com essa decrepitude de alma. Julgo eu. A timidez é como ter olhos azuis ou ser moreno, carrega-se para a vida. Faz parte:).
Não gostou do remetente?
ResponderEliminarNão dá para devolver à procedência?
Lixo!
Gostei da narrativa dos beijos... mas sou muito contra violências e beijos pespegados assim à força... Quando a mulher do Carlos passar pela abusadora na rua vai querer tirar-lhe satisfações, de certeza =)
ResponderEliminarSe ao menos o beijo viesse da Sónia Braga, agora da Cristas...
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