Marcelo foi à Cornucópia pedir ao ministro da cultura para
não deixar fechar a sala, em nome da cultura.
Não teve qualquer problema em mostrar ao país como funciona o sistema da cunha. Teve a vantagem de ser transparente, mas mostrou quão injusto é o sistema. É que o PR esqueceu-se de interceder
pelo Elefante Branco que tanto contribuiu para a cultura dos
portugueses e todas as noites tinha assistências muito mais elevadas.
O Elefante Branco, como espaço de diversão nocturna, era muito mais atractivo e tinha muito mais assistentes do que a Cornucópia. Além disso, não era elitista e as cenas que lá se representavam não careciam de interpretação. Eram absolutamente transparentes ( independentemente das vestes das meninas) e toda a gente que lá entrava sabia ao que ia.
Agora a sério.
Vai sendo tempo de Marcelo Rebelo de Sousa se conter. O ímpeto afectuoso que o leva a ir a todas, sem ponderar as consequências de algumas acções, um dia destes volta-se contra ele. Os tugas adoram festas, mas um dia percebem que a omnipresença da Constança nas festanças se torna incómoda. Não só para eles, mas também para o governo, em cuja esfera o PR não deve intervir. Enquanto Passos Coelho estiver à frente do PSD, não virá grande mal ao mundo mas, a partir do momento em que a agremiação da S. Caetano à Lapa for dirigida por alguém do agrado de Marcelo, o PR cairá na tentação de interferir cada vez mais na esfera do governo e agir de forma a beneficiar o seu partido. Aí o caldo pode entornar e expor clivagens entre governo e presidência que, neste período de convivência pacífica, não são visíveis.