Volto hoje a fazer referência a um livro sobre o
qual escrevi em 2012. Tenho uma boa razão para o fazer e gostaria muito
que os leitores do CR opinassem sobre o assunto. É que neste post pode estar a
explicação para o facto de em jovem ter tido ambições, sonhos e desejos que não se concretizaram.
Não seja tão radical, caro leitor. Acrescente "um" AINDA. Quando acabar de ler o post, vai perceber porquê.
Muita gente no mundo inteiro se apaixonou pela
história de 1Q84. Não terei sido certamente o único a questionar (me) se
a obra de Murakami seria mera ficção.
Lembro-me que ao colocar a questão numa tertúlia, olharam
para mim como se fosse tolinho. É que eu ainda fui mais além de Murakami e
coloquei a hipótese de termos tantas vidas como os gatos. Pelo menos.Não
sucessivas, mas em simultâneo.
Então por que razão só vivemos uma? perguntarão
leitores mais cépticos. Ou realistas e com os pés bem assentes no chão,
se preferirem.
Pois, segundo a minha pessoalíssima teoria ( alvo de
escárnio e mal dizer na tertúlia onde me atrevi a expô-la) isso explica-se
porque apenas percepcionamos uma vida de cada vez mas, neste exacto momento,
estaremos a viver umas outras quantas vidas noutros universos paralelos,
com outra consciência, outra identidade, outra conexões, amizades e contextos.
A morte seria, assim, apenas o estádio ( momento) em que desconectamos as
ligações neste Universo e transitamos para outro onde passamos a
percepcionar outra vida, com outra identidade. Claro que isto coloca questões sobre a
noção de tempo e energia cinética que não vou aqui abordar.
No terceiro volume de 1Q84, Murakami não é explícito quanto
ao "encontro" ( reparem que escrevo encontro entre aspas)
de Aomame com Tengo.
Porque vivem vidas paralelas
que nunca se encontram, ou porque as vidas deles, como a(s)
nossa(s,) é (são) um puzzle que só se resolve quando as pedras todas se
encaixarem? E será possível resolver esse puzzle? Quando? Com que
objectivos? Fruto de que circunstâncias? E o que acontecerá depois desse
"encontro"? E terá o "encontro" de ser limitado a duas energias,
ou poderá ser um encontro de múltiplas energias, inclusive de universos
diferentes? E os corpos que "vestem" essas energias serão iguais, idênticos, ou radicalmente diferentes?
São tudo perguntas sem respostas. A que Murakami não quis ou
não soube responder. E para as quais que eu, obviamente, também não tenho
resposta.
Há, porém, algo que me conforta e levou a recuperar 1Q84. É
que agora há cientistas que dizem ter provas de que a morte não existe (pelo
menos como a interpretamos) e é pura ilusão. Melhor ainda de acordo com este cientista há mesmo uma multiplicidade de universos paralelos onde vivemos em simultâneo.
Não faço ideia que provas serão essas e estranho mesmo que, em existindo, não sejam divulgadas, mas conforta-me saber que há cientistas a defenderem, com bases científicas, aquilo que eu expus como mera questão académica numa tertúlia. Pelo menos fico com a certeza de que tenho mais alguns tolinhos, com credenciais de cientistas, a fazer-me companhia.