Num país deslumbrado pelo automóvel, onde os espaços de lazer são constantemente subalternizados pelos cavalos com motor, merece destaque esta notícia:
" O Jardim do Caracol da Penha foi o projecto mais votado do Orçamento Participativo de Lisboa. A votação foi clara: 9477 lisboetas preferem ver naquele espaço- onde se juntam as freguesias da Penha de França e de Arroio - um jardim público do que 86 lugares de estacionamento"
( in DN de 29 Dezembro de 2016)
Esta notícia não é só esclarecedora quanto ao mérito dos Orçamentos Participativos ( programa em que a Câmara Municipal de Palmela foi pioneira) que permitem aos cidadãos fazer as suas escolhas. Demonstra, também, alguma maturidade dos eleitores.
O que pode parecer surpreendente ( escolher um jardim em detrimento de um parque de estacionamento, numa zona da cidade onde escasseiam lugares de parqueamento) não é. Desejando ter um jardim na freguesia, sabendo que a resolução dos problemas de estacionamento naquela zona é urgente e que a autarquia tinha projectado para aquele local um parque de estacionamento, os lisboetas fizeram uma escolha racional. Se votassem no parque de estacionamento, nunca mais teriam o jardim. Optando pelo jardim, obrigam a Câmara Municipal de Lisboa a encontrar uma alternativa para o estacionamento naquela zona da cidade.
A isto chamo votar com inteligência.