O presidente do Conselho Nacional da Juventude exige que o IEFP tome medidas para evitar que os patrões se apoderem indevidamente dos salários dos estagiários e os obriguem a pagar a Taxa Social Única.
As exigências de Hugo Rocha fazem todo o sentido, como já aqui salientei. Há, porém, um problema que tem de ultrapassar para que se possa fazer justiça: é preciso saber quem são os patrões que andam a vigarizar os estagiários e o Estado.
Ora o presidente do CNJ recusa-se a divulgar os nomes das empresas, alegando que as vítimas temem sofrer represálias. Assim sendo, não será fácil que se faça justiça.
Imaginemos que, num bairro, várias mulheres apresentam queixa em Tribunal, dizendo que foram violadas, mas se recusam a denunciar o violador. Como podem estas mulheres esperar que seja feita justiça?
O mesmo princípio se aplica no caos dos estagiários vigarizados por patrões sem escrúpulos. Ou denunciam os vigaristas, ou estão a contribuir para que outros patrões façam o mesmo. Ainda com maior à vontade, pois sabem que as vítimas nunca os denunciarão, com medo de represálias.
Para lutar pelos nossos direitos, é preciso por vezes fazer alguns sacrifícios e haver sacrificados. Hugo Rocha tinha obrigação de perceber isso e explicar a situação aos queixosos.
Chamem-lhe roubo, esclavagismo, exploração, o que quiserem, mas isto é inadmissível.
Chamem-lhe roubo, esclavagismo, exploração, o que quiserem, mas isto é inadmissível.