A falta de pontualidade é uma característica dos portugueses que lhes confere alguma graça mas, por vezes, se torna irritante e mera figura de cartaz para turista ver.
Vem isto a propósito do constante atraso no início de espectáculos e na perturbação causada em espectáculos de ópera, cinema ou teatro por grupos de atrasados que parecem fazer gala em ser os últimos a entrar na sala.
Há algumas semanas fui ao Casino Lisboa ver My God, com Joaquim Monchique. Quando imprimi os os bilhetes anotei, com agrado, o aviso deixado aos espectadores:
" O espectáculo começa imperetrivelmente às 21h30m, sendo proibida a entrada na sala, depois do início do espectáculo".
Rejubilei com o facto de haver gente civilizada no país que faz da pontualidade um ponto de honra.
O júbilo esfumou-se, porém, no dia do espectáculo. O espectáculo começou apenas às 21h45m e, depois dessa hora, já com o espectáculo a decorrer, ainda vi entrar algumas pessoas.
Este é apenas um exemplo da falta de respeito e civismo que impera neste país. Desrespeitaram-se os cumpridores e mostrou-se aos incumpridores que podem continuar a chegar atrasados, porque os avisos são só para inglês ver.
Em Portugal, o único sítio onde os horários são cumpridos, é nos locais de trabalho. E mesmo assim, nem sempre, porque se há exigência no cumprimento da hora da entrada, já na hora da saída há muito patrão a pedir alguma condescendência se em vez de sair às 17, for preciso sair uma hora mais tarde, sem direito ao pagamento de horas extraordinárias.