Não vi as imagens exibidas pela CMTV na noite dos atentados de Nice, mas li relatos no FB, no dia seguinte, que me deixaram estupefacto.
Tentei encontrar resposta à pergunta "Como é possível que uma estação de televisão considere informação transmitir exaustivamente imagens de corpos decepados, cabeças esmagadas, crianças mortas e pessoas a debaterem-se contra a morte?"
A primeira resposta que me veio à cabeça foi " estes tipos são um grupo de tarados com carteira de jornalista".
Minutos mais tarde, depois de admitir que o jornal para que estes tipos trabalham é o mais lido em Portugal e o canal de televisão aumenta diariamente o seu share, fui obrigado a rever a minha resposta. "Os jornalistas do CM e da CM TV são realmente uns tarados mas, ao exibirem aquelas imagens, estavam apenas a satisfazer o apetite voraz de um vasto grupo de espectadores igualmente tarados que gostam de ver sangue e se comprazem com a desgraça alheia. Se não houvesse quem visse, eles não mostravam". Certo?
Foi então que, num "zapping" pelos canais franceses, vi um jornalista a perguntar a um homem chorando convulsivamente, que acabara de perder a mulher no atentado de Nice:
"Boa noite senhor, acaba de perder a sua mulher. Qual é a sua reacção, em directo, para a France 2?"
Ainda incrédulo perante esta cena, de resposta em resposta, dei por mim a admitir que o atentado de Nice afinal pode não ter sido obra de um muçulmano radical, mas sim de um qualquer tarado que passa os dias diante do televisor a ver a CMTV, a France 2, ou qualquer outro canal que sirva o directo sem critério, argumentando "estar em cima do acontecimento".
A mim, parece-me é que eles estão a viver em permanência numa clínica psiquiátrica não vigiada, onde o jornalismo serve de terapia e lhes é permitido fazer tudo em nome da liberdade de imprensa que tanto prezam.
É certo que a France 2 veio pedir desculpa aos franceses, o que deixa uma leve esperança quanto à possibilidade de cura. Já os jornalistas da CMTV insistem que aquilo que fazem é informação. São, definitivamente, um caso perdido.
Em tempo: esta manhã, após dois dias e meio de blackout noticioso a que me obriguei como terapia, fiquei a saber que o homem que conduzia o camião bebia álcool, era mulherengo, gostava de menores e de mulheres europeias, tinha mau feitio, não frequentava a mesquita e não cumpria o Ramadão. Logo, nada o qualifica como radical islâmico, mas sim como TARADO.
Uma espécie que se reproduz vertiginosamente e está numa fase de ascensão social e política que existe em todas as partes do mundo e com as quais convivemos diariamente. Nos transportes públicos, no trânsito, nos restaurantes, nos centros comerciais, nas ruas, no prédio em que vivemos, onde pensamos estar a salvo destas criaturas, e até na comunicação social, como se demonstra pelo que foi escrito neste post.
Tenham uma excelente semana.