Embora tivesse manifestado a minha compreensão pela decisão, alertei para o facto de a prática do governo PAFioso ser comum a governos anteriores. A única diferença foi a criação da CRESAP, uma iniciativa de Passos Coelho que serviu exclusivamente para enganar parvos. As nomeações em regime de substituição, para legitimar escolha com base na experiência, são uma fraude institucionalizada. Quer para altos cargos, quer para chefias intermédias. É um fartar vilanagem. Foi, no entanto, essa a prática seguida pelo anterior governo para contornar os obstáculos colocados por um organismo criado por esse mesmo governo.
Admiti, com muitas reservas, que a geringonça viesse a adoptar uma prática mais transparente, mas manifestei as minhas dúvidas sobre essa possibilidade, porque o poder e as exigências das máquinas partidárias são muito fortes.
Escrevi, também, que não via qualquer problema em que os altos cargos do Estado fossem escolhidos pelo governo, com base em critérios partidários, pois a sua importância justifica plenamente que sejam ocupados por pessoas de confiança. Seria preferível, porque mais transparente, assumi-lo, em vez de fingir que as nomeações resultam do mérito e são validadas por um organismo faz de conta como a CRESAP.
Vem isto a propósito da indignação de PSD e CDS, por este governo ter nomeado 282 dirigentes na Administração Pública e ter exonerado umas dezenas de boys e girls nomeados pelo governo anterior. Poderia aqui citar centenas de exemplos, mas fico-me pelo que deu mais brado: a nomeação num só dia, por Pedro Mota Soares, de 15 dirigentes da Segurança Social com base em critérios meramente partidários, alguns à revelia da CRESAP, prática aliás recorrente durante o governo anterior.
Este governo perdeu uma boa oportunidade de iniciar uma nova prática e demonstrar que os critérios da geringonça são diferentes mas, admitamos, não é fácil manter em funções dirigentes cuja missão é boicotar ou fazer espionagem a favor do partido de que são militantes. É por isso mesmo - e por ser mais transparente- que desde sempre defendi a nomeação para cargos dirigentes de relevância, pessoas de confiança no partido do governo.
E é partindo desse pressuposto que considero leviandade absoluta incluir a nomeação de Paula Varanda, dirigente do Livre, para DG das Artes, na lista das escolhas partidárias.