Não é novidade, nem surpresa. Desde o DDT que esse envenenamento se vem processando lentamente, como chamou a atenção Rachel Carlson no seu livro "A Primavera Silenciosa" em 1964.
Desde o início da década de 90, com a explosão da indústria alimentar, os riscos de "envenenamento lento" têm aumentado. Um dos maiores venenos são os transgénicos, mas nem as inúmeras vozes qualificadas que há duas décadas avisam contra os perigos desses produtos têm sido suficientes para travar a sua utilização.
A indústria alimentar, cujo
máximo expoente é a Monsanto, deveria estar no banco dos réus mas, em vez
disso, recebe há duas décadas apoios surpreendentes.
Em 1999, por exemplo, 170 países estiveram ( mais uma vez...) reunidos para debater as implicações do OGM na saúde humana. Contando com o apoio do Canadá, Austrália, Chile, Uruguai e Argentina ( os maiores produtores de OGM), os Estados Unidos conseguiram fazer valer a sua posição ( não inclusão nos rótulos de esclarecimento sobre a origem dos produtos, quando em causa estiverem OGM).Se quem não deve não teme, porquê esta recusa? Muito estranho, principalmente desde que duas dezenas de cientistas de diversos países constataram - através de uma experiência feita com ratos- que aqueles animais apresentaram deficiências nos seus sistemas imunitários, depois de terem sido alimentados com batatas geneticamente modificadas.
O cientista que divulgou o estudo foi despedido do laboratório onde trabalhava.( A prática de matar o mensageiro vem de longe...)
Não é novidade o envenenamento por via alimentar, mas
continua a omitir-se o envenenamento por via pulmonar, atribuindo ao tabaco e
aos automóveis todas as culpas pela poluição atmosférica, mas desviando as
atenções dos problemas causados por centrais nucleares, indústrias poluentes e
indústria de guerra.
Estamos a ser envenenados, mas também anestesiados. Primeiro
foi a sociedade de consumo em versão soft: apelo ao consumo de produtos, com
saldos, promoções e outras diversões. Actualmente, com as novas tecnologias
cada vez mais desenvolvidas e a comunicação em rede permanente, estão a tentar
anestesiar-nos.
O lado bom da coisa é morrermos inconscientes, ou com um sentimento de culpa por termos abusado dos antibióticos*.
Sem sabermos, sequer, que os transgénicos não estão apenas nos alimentos. São utilizados também em medicamentos e até no vestuário.
* Não se trata de negar que consumimos antibióticos em demasia. O que não vale é meterem-nos medo com umas coisas e depois esconderem-nos outras, porque é preciso defender as empresas e os interesses económicos associados.