Alguns à esquerda indignaram-se. Outros à direita rebolaram-se de gozo. Aconteceu quando António Costa convidou Cavaco Silva para presidir a um conselho de ministros, acto que alguns interpretaram como a tentativa de Costa enterrar o machado de guerra nas relações com Cavaco.
Não me rebolei de gozo, mas também não me indignei. Classifiquei o convite de Costa como uma pequena vingança do nosso PM.
Ele sabe perfeitamente que Cavaco é um homem rancoroso e, mesmo que Costa fizesse o pino na marquise do Possolo, ou um duplo mortal encarpado com pirueta na piscina da casa da Coelha, Cavaco nunca lhe perdoaria a afronta de ter sido obrigado a empossar um governo de esquerda. Vai daí, Costa utilizou a sua sabedoria oriental e convidou o então PR para presidir a um conselho de ministros cuja temática era o mar. Sim, esse mesmo mar que Cavaco desprezara enquanto pm, era-lhe servido como tema de um inédito conselho de ministros.
O convite foi uma humilhação, mas a estratégia de Costa falhou, porque nem Cavaco, nem o seu séquito de apoiantes perceberam a mensagem.