Sabendo-se que Passos Coelho não se governa com o salário de deputado e que o amigo Relvas está em franca recuperação da sua influência e poder, é oportuno perguntar: depois dos cursos fantasma de formação profissional e da Tecnoforma, qual será o negócio que a dupla Passos/Relvas irá fazer desabrochar nos próximos meses? Se Carlos Costa der o seu aval, diria que temos novo banco na forja, cuja falência os portugueses hão-de pagar. Qual é o seu palpite?
No dia em que Passos Coelho, seguindo as pisadas de Paulo Rangel e outra canalha laranja, foi a Bruxelas avisar os investidores para os perigos que correm se investirem em Portugal, os mercados reagiram com uma forte queda dos juros da dívida pública portuguesa.
Sempre manifestei a minha discordância com a descida do IVA
para a restauração. Nem vai beneficiar os consumidores, nem criar emprego, nem
melhorar a qualidade do serviço na maioria dos restaurantes.
E é sobre este último ponto que vale a pena reflectir. Há por aí restaurantes que pura e simplesmente deveriam ser fechados,
por manifesta falta de qualidade dos produtos ( nem me atrevo a falar da
qualidade culinária) deficiente
manipulação e conservação.
Muitos estabelecimentos de restauração não têm condições de
higiene. Ainda há tempos, na sequência do encerramento de vários restaurantes
chineses, pela ASAE, a RTP fez uma reportagem sobre a falta de higiene em
restaurantes de comida portuguesa. Lembro-me, entre outros casos, de um
restaurante onde as batatas eram lavadas no caixote do lixo. Ontem, a ASAE divulgou o vídeo (ver acima) que nos devia fazer pensar sobre as porcarias que comemos, mas também devia ser um alerta para o governo que deve, urgentemente, devolver à ASAE os meios e condições que o anterior governo irresponsavelmente lhe retirou. Uma irresponsabilidade criminosa.
A falta de higiene é um problema de saúde pública, que pode
originar casos delicados que custam muito dinheiro ao Estado. Estar a premiar com a
descida do IVA, em pé de igualdade, restaurantes de qualidade e espeluncas é
uma injustiça.
Espero, por isso, que o governo volte a dar condições à ASAE
para fazer uma fiscalização eficiente que permita separar o trigo do joio. Deixar laborar restaurantes muito bem
encadernados, mas que não oferecem condições de higiene e salubridade, é enganar os consumidores e lesar os
contribuintes.
Finalmente, devo dizer que concordo com a manutenção do IVA
em 23% nas bebidas, nomeadamente o vinho.
A margem de lucro no vinho ( por vezes chamar vinho a verdadeiras mistelas
apresentadas como “da casa” é um
insulto!) chega a ser escandalosa em alguns estabelecimentos onde um copo de
do precioso néctar custa mais do que uma garrafa numa loja de vinhos gourmet.