Há dias, Varoufakis reuniu em Berlim um grupo de pessoas
ligadas à esquerda europeia. O objectivo (diz-se por aí) foi lançar um
movimento de reflexão (DiEM 25) para
repensar a Europa, sem desprezar a possibilidade de vir a formar um partido pan-europeu.
Diz Varoufakis que é preciso mudar a Europa por dentro e que
abandonar o espaço europeu é assumir a derrota e entregar o destino dos
europeus nas mãos do bandido (a direita em exercício, presumo)…
A minha primeira reacção à proposta de Varoufakis é dizer que peca
por tardia mas, como admito que só depois de ter sido ministro tenha percebido
o problema europeu, não deixo de enaltecer a
iniciativa.
Para mim, sempre foi
óbvio que a Europa só pode ser mudada por dentro, sendo necessário criar condições para uma discussão sobre o futuro da Europa no seio
das instituições. Ora isso só é possível, se a esquerda não desertar e for à
luta.
Nunca foi essa a visão da esquerda em Portugal. E por causa
desse erro tivemos o chumbo de um PEC IV que nos conduziu ao resgate. Tivessem
os nossos Varoufakis da época ( estou a falar consigo, Dr. Louçã!) tido um mínimo de rasgo e Portugal nunca
teria necessitado de um resgate, nem estaria agora numa situação aflitiva, que
muito provavelmente terminará numa reestruturação
da nossa dívida. Para que essa reestruturação
não seja penalizadora, será fundamental uma alteração de forças na EU.
Varoufakis percebeu agora isso, mas já outras esquerdas
europeias o tinham percebido há muito. Como António Costa, por exemplo, que foi
o primeiro a olhar para a Europa com os olhos com que a esquerda a viu agora em
Berlim. Do mal o menos... mais vale tarde do que nunca.