Assim que começaram a ser conhecidos os resultados, foi estalando o verniz em alguns candidatos e seus apoiantes.
Um dos casos mais tristes foi a reacção de Manuel Alegre ao resultado desastroso de Maria de Belém. O poeta não tem legitimidade para fazer as acusações que fez ao PS, pois ele próprio dividiu o PS nas duas anteriores eleições presidenciais. Acresce que se alguém dividiu e tentou provocar uma cisão entre os socialistas foi Maria de Belém, pela forma como anunciou a sua candidatura. Já durante a campanha, muitas vezes escolheu como seu adversário Sampaio da Nóvoa em vez de Marcelo.
A boa notícia desta noite é que depois deste desastre eleitoral, o "segurismo" tem os dias contados. Assis e a sua trupe podem desfazer a tenda e filiar-se no PSD, ou formar outro partido, mas tenho esperança que nunca mais tenham voz activa no Largo do Rato.
A vitória de Marcelo Rebelo de Sousa não é um desastre. Apesar de ser uma pessoa imprevisível, é expectável que restitua ao cargo o prestígio que Cavaco lhe roubou. E não acredito que vá para Belém fazer fretes ao PSD. Pelo menos enquanto Passos Coelho estiver à frente do partido, pois Marcelo não vai esquecer a cena do catavento.
É também por isso, que António Costa não deve estar desagradado nem desconfortável com a eleição de Marcelo.
O perigo de uma desagregação deste governo está mais ameaçado pelas ondas de choque que podem eclodir do confronto entre o resultado magnífico de Marisa Matias e o resultado desastroso de Edgar Silva. Como reagirá o PCP a esta subalternização face ao Bloco de Esquerda, que confirmou os resultados das legislativas? A resposta pode ser muito preocupante...