As fotos acima foram tiradas em Baltimore(EUA) Kent (Inglaterra) e S. Petersburgo (Rússia) mas podem ser obtidas em muitos outros locais do mundo.
O que vemos nas fotos são automóveis novos, abandonados. Dentro de poucas semanas muitos serão destruídos porque os fabricantes não os conseguiram vender, por causa da crise global que se iniciou em 2007.
Uma parte significativa ficará simplesmente a apodrecer nestes depósitos ao ar livre, existentes um pouco por todo o mundo.
Razões óbvias impedem os fabricantes de baixar o preço para os tentar vender por isso, depois de destruídos estes carros darão origem a novos modelos, muitos dos quais irão ocupar o lugar dos que em breve serão destruídos.
Por que razão os fabricantes continuam a insistir em produzir novos modelos, se não os conseguem vender? - perguntarão alguns leitores.
A resposta é simples: se pararem a produção, as fábricas acabarão por fechar e milhões de trabalhadores irão para o desemprego. Não só no ramo automóvel, mas também em indústrias afins, como a do aço, por exemplo.
Assim, para evitar que a recessão se agrave, as fábricas continuam a produzir, mas são os consumidores e os trabalhadores que pagam o desperdício, quando adquirem um veículo novo.
Este modelo de produção não é exclusivo da indústria automóvel. É universal e causa especial estranheza quando falamos da industria alimentar. Enquanto milhões de pessoas passam fome, milhares de toneladas de alimentos são destruídos todos os dias, para impedir a queda dos preços provocada pelo excesso de produção.
Um dia, este modelo de desenvolvimento insustentável terá de ser substituído por outro mais justo,menos poluidor, que combata o desperdício e seja mais equitativo.
Por muito estranho que possa parecer a alguns, este é um dos problemas que se vem discutindo há mais de duas décadas nas cimeiras do clima. Muito antes da crise de 2007, este cenário era expectável e foi alvo de muitos alertas dos ambientalistas.
Só que é um problema insolúvel, enquanto os poderes políticos estiverem reféns dos grandes interesses económicos e financeiros, que impedem uma acção à escala global.