Há muito que deixei de ver o Prós e Contras mas,ontem, o tema interessava-me para confirmar algumas suspeitas e decidi arriscar.
Foi um espectáculo deprimente que me permitiu confirmar que o tuga é um animal perigoso e é aconselhável utilizar o anti repelente para evitar a sua proximidade. O tuga que viaja para as Caraibas levando consigo o garrafão e lá chegado arrota e peida-se na praia, está muito incomodado com a invasão de turistas em Lisboa.
O tuga de camisa de alças que se passeia nos centros comerciais, no Oceanário ou no CCB, libertando cheiro a sovaco, usa óculos escuros no topo da mona e calça chanatas de onde emergem unhas negras encravadas e se libertam odores a chulé, está angustiado porque os turistas têm a ousadia de frequentar a Baixa Chiado, se esparramar nas esplanadas do Terreiro do Paço, tirar fotografias em Alfama ou se embebedar no eixo Bairro Alto Cais do Sodré. Pior ainda, é o turista preferir visitar Sintra ou Cascais, em vez de apreciar as belezas de S. Domingos de Rana, Alcabideche ou Ranholas.
O tuga está angustiado e indignado, farto de turistas pé descalço que, em vez de beberem pelo garrafão, bebem por garrafas. Turistas tão desintegrados e desinformados sobre os valores da Tugalândia, deveriam ser impedidos de passar da Portela ou, no mínimo, obrigados a percorrer circuitos pré determinados pelas autoridades de onde não se deviam afastar, sob pena de serem deportados, depois de pagarem uma pesada multa que os dissuadisse de regressar.
Durante a noite, deveriam ser criados locais apropriados para os turistas se divertirem. Longe das zonas onde o tuga habita e procria e fora dos circuitos de pousio dos sem abrigo, para não lhes perturbar o sono.
Há, felizmente, um sinal de esperança no futuro. Assim que os países da primavera árabe regressarem à idílica paz prometida em arraiais dos G-8 e dos G-20, os turistas rumarão a essas paragens e os tugas poderão, enfim, voltar a viver tranquilamente. Claro que há um reverso da medalha que o tuga não ignora. Milhares de postos de trabalho perder-se-ão, as receitas do turismo cairão abruptamente, fecharão hotéis, hostais, esplanadas e estabelecimentos cuja existência se deve exclusivamente à invasão de turistas. Mas esse é o preço que todos temos de pagar para que o tuga volte a viver em paz e, durante as férias, possa rumar a outras paragens onde se comporta da mesma forma que o turista em Portugal.
Pessoalmente, recuperava uma ideia de Passos Coelho: incentivava o tuga a emigrar e substituía-o por turistas. Talvez assim este país saísse desta apagada e vil tristeza.