Não é novidade nenhuma mas, em cada comício que faz, Jerónimo de Sousa insiste em atacar o PS e elegê-lo como o inimigo a abater.
Entrevistado na terça feira no Jornal das 8 da TVI, não rejeitara liminarmente uma aliança com o PS, embora aproveitasse a questão colocada por Judite de Sousa para desancar nos socialistas.
No dia seguinte, na entrevista à RTP, Jerónimo de Sousa foi mais peremptório e deixou ficar claro que o apoio a um governo do PS está fora de causa mas, curiosamente, voltou a apelar à união da esquerda. Sabendo-se que o PCP também não quer alianças com o BE ( embora Catarina Martins tenha manifestado disponibilidade para tal) e que o LIVRE é visto como uma muleta do PS, com que esquerda quer Jerónimo de Sousa aliar-se?
Tudo como dantes, portanto.
Antes de prosseguir, devo dizer que tenho um profundo respeito pelo PCP e tenho bons amigos comunistas. Este post não pretende, por isso, atacar o PCP, mas apenas chamar a atenção para o facto de não ter evoluído nem adaptado à realidade.
O PCP sempre preferiu o PSD no governo, pois é um governo de direita que vai alimentando a chama dos militantes em amanhãs que cantam ( salário mínimo de 600€ em 2016, nacionalização de empresas, etc.etc.etc.), por isso, gastou mais tempo nas entrevistas a desancar no PS, do que no governo.
O PCP sabe muito bem que o PS não é de direita, mas sabe que a rejeição liminar de qualquer aliança com o PS atira os socialistas para a direita, que é o que mais convém ao PCP.
Convencendo os militantes que o PS é um partido de direita, o PCP continuará a poder justificar a sua posição de "orgulhosamente só" e único detentor da razão e continuar a alimentar a ilusão nos militantes e simpatizantes, de que um dia chegará ao poder. O discurso funciona em tempo de crise e quando a direita está no poder. Por isso, o PCP tem tido um crescimento notável de militantes, entre os quais muitos jovens que acreditam nos amanhãs que cantam. Que daqui a uns anos farão como muitos outros jovens e, desiludidos, abandonarão o partido, porque lhe percebem a estratégia. Infelizmente, alguns acabam nos braços do PS e uns quantos mais nos do PSD.
Quando o PS está no poder o discurso não funciona de forma tão eficaz e o PCP perde força, por isso, afia as garras contra os socilaistas.
Álvaro Cunhal já tinha percebido que a estratégia estava errada mas, depois da sua morte, os que quiseram seguir um caminho idêntico ao que ele preconizava, foram trucidados. Infelizmente, o meu bom amigo Luís Sá deixou-nos demasiado cedo. Provavelmente, teria sido o único a conseguir mudar o rumo a um partido que continua parado no tempo, que escolhe os inimigos errados e tem um medo imenso do poder, porque...esta não é a sua praia.