As Primaveras árabes sonhadas pelos EUA e encorajadas, apoiadas e fomentadas pela Europa, redundaram num mar de sangue na Síria, no Egipto, no Iraque, ou na Líbia. Derrubaram-se ditadores e favoreceu-se a instalação da Lei da Selva.
Pior do que dar um tiro no pé, foi abrir mais uma caixa de Pandora de consequências imprevisíveis
A invasão da Líbia ( a pretexto do cumprimento de uma resolução da ONU) foi um dos maiores erros políticos e estratégicos da UE. No tempo de Kadhaffi a Líbia era um tampão que diariamente impedia a entrada na Europa de milhares de emigrantes.
Derrubado Kadhaffi, instalada a Lei da Salva em toda a região, consumadas as perseguições étnicas e religiosas, milhares de homens, mulheres e crianças fogem do terror que o Ocidente instalou no norte de África e demandam a Europa - já não apenas em busca de melhores condições de vida, mas tentando salvar as suas vidas.
O Mediterrâneo transformou-se num gigantesco cemitério. A invasão de imigrantes e refugiados provenientes dos países do Norte de África está a criar graves problemas à Europa e a pôr a nu a hipocrisia e desumanidade dos líderes europeus que nos governam.
Durante muitos anos a Europa não só tolerou as ditaduras de Ben Ali, Mubarak e Kadhaffi ( para não falar de muitas outras…) como as apoiou. E ganhou muito dinheiro com elas. Só em 2010, vendeu aos ditadores africanos quase 400 milhões de euros em armamento, que hoje está em grande parte nas mãos do ISIS, por causa da tragicomédia da Primavera Árabe.
Hoje, os líderes europeus dizem-se muito chocados com a chacina que está a ocorrer no mediterrâneo mas, como já aconteceu anteriormente, as medidas para impedir este massacre reduzir-se-ão a atirar dinheiro para cima do problema e, quiçá, a mais um pacote de medidas securitárias visando coarctar mais um pouco a liberdade dos cidadãos europeus.
Entretanto, o problema vai agravar-se nos próximos tempos, perante a inércia da UE. Aberta a caixa de Pandora, os lideres europeus não sabem como reagir, porque não sabem o que se está a passar.