Há muita gente incomodada no PS, porque António Costa terá, supostamente, feito abortar a escolha de João Proença para suceder a Silva Peneda na presidência do Conselho Económico e Social. Facto que já foi desmentido, mas não deixa de merecer alguma reflexão.
Tendo em consideração o passado de João Proença na defesa dos direitos dos trabalhadores, a decisão de António Costa parece-me sensata e não- como argumentam alguns seguristas- movida por sentimentos de vingança. Entregar a presidência do CES ao ex secretário geral da UGT era lançar pela janela milhares de votos de trabalhadores.
Igualmente razoável é a proposta de adiar para depois das legislativas a escolha do sucessor de Silva Peneda, propondo que o lugar seja ocupado, até à nomeação do sucessor, por outo membro do CES. Se vivemos há cinco anos sem um presidente da república, qual é o problema de ter um presidente do CES em regime de substituição, durante uns meses?
O PSD rejeita esta possibilidade, alinhando com os seguristas. Quer que a AR escolha já o sucessor de Silva Peneda. Compreende-se. Dava-lhe imenso jeito, mas o problema é que precisa de dois terços dos votos e isso não está ao seu alcance, sem o apoio do PS.
Obviamente que também compreendo o incómodo e a indignação dos seguristas. Ter um apoiante do ex-lider à frente do CES seria uma mais valia para a estratégia de desgaste de Costa - a sua principal ambição. Esgrimir o argumento do "saneamento" de Proença, apesar de patético, colhe a simpatia de alguns incautos.
Bem diferente, porém, será o desejo da maioria dos portugueses que se querem ver livres deste governo e dos seus aliados. Pelo menos foi o que entendi quando militantes e simpatizantes do PS elegeram António Costa.