Era e não era
Andava lavrando,
Chegou uma notícia
Que seu pai era D. Fernando.
Sentado de pé,
num banco de pau,
feito de pedra
Um jovem ancião
Bondoso e mau
A ler um jornal sem letras,
À luz de uma vela apagada,
Calado apregoava:
"A terra é uma bola quadrada"
E o pobre do Fernando,
lesto como o caracol,
sobe parede abaixo,
no seu jeito mole.
Bateu-lhe desafortunada a fortuna
e bem-afortunado o azar,
Antes do nascimento,
Sempre depois e nunca mais
Tinha o pai pra nascer
E a mãe pra morrer.
Que havia o moço de fazer?
Deitou os bois ás costas,
Pôs o arado a correr.
Quis saltar o valado,
Saltou um arado.
Se não era cão
Mordia-lhe um cajado.
Entrou numa horta,
Viu um pessegueiro
Carregado de maçãs,
Avelãs e fruta madura.
Veio de lá o dono dos pepinos:
- Ó ladrão dos meus marmelos!
Quem te mandou a ti andar a roubar as cerejas
Que tinha guardado
Prós meus meninos?
Agarrou num melão,
Atirou-lhe com um pepino
Acertou-lhe num artelho,
Fez-lhe sangue num joelho.
Esta cega rega já tinha várias versões. Agora, Christine Lagarde inventou mais uma: