Acabou mais uma telenovela comissão de inquérito da AR.
Como acontece em todas as telenovelas comissões de inquérito, as pessoas andam empolgadas com o enredo durante meses e o último episódio deixa-as frustradas e a pensar " mas porque é que eu andei a perder tanto tempo com esta porcaria? Nunca mais aprendo."
Sejamos justos. Há algumas diferenças entre as telenovelas e as comissões de inquérito da AR. Nas telenovelas os maus são quase sempre castigados mas, nas comissões de inquérito como a do BES, os maus confessam os crimes, remetem-se ao silêncio, gozam com os inquiridores e no final nunca lhes acontece nada.
Os inquiridores não conseguem entender-se sobre os culpados, elaboram um relatório mal amanhado e a justiça finge que não ouviu nem viu nada, porque "acha" que os deputados andaram a brincar às casinhas e aquilo é coisa de putos.
Foi assim que aconteceu nas anteriores comissões de inquérito ( se alguém se lembrar de um tipo que tenha ido a uma comissão de inquérito e depois tenha sido julgado e condenado na justiça avisem-me) não vejo razão para que seja diferente na do BES. O actor principal nunca pode ser o mau da fita e os senhores juízes sabem disso muito bem. Deixam-no continuar a fazer tropelias, a gozar o dinheiro que entretanto colocou a bom recato e a arraia miúda que ficou sem o guito que se amanhe. É bem feito, porque a arraia miúda queria enriquecer com papel falso e isso só os grandes actores podem fazer impunemente.
As pessoas - e já agora os jornalistas- não aprendem e continuam a acompanhar com grande entusiasmo os episódios destas telenovelas comissões de inquérito e, quando tudo acaba, reagem como o público das telenovelas. Quando é que aprendem?
No entanto, é preciso dizê-lo com frontalidade, assim como em cada telenovela nasce uma nova estrela, na comissão de inquérito ao BES também refulgiu um nome: Mariana Mortágua. Bem secundada, diga-se em abono da verdade, pelo presidente Fernando Negrão que representou o seu papel com dignidade.
Nessa matéria pode dizer-se que a AR está a fazer progressos e, não tarda nada, as comissões de inquérito passam a ser exibidas em horário nobre e em canal aberto. Sempre fica mais barato e tem a vantagem de não ser ficção.