Assinala-se hoje o Dia Mundial da Água. Pensei que talvez fosse útil recuperar este texto:
Habituados que estamos ao gesto quase automático de abrir a torneira várias vezes ao dia, irritamo-nos quando delas não jorra nem uma pinga, porque alguma avaria, ou deficiência no abastecimento, a impede de circular livremente, mas não nos passa pela cabeça que um dia a água deixe definitivamente de chegar a nossas casas e das torneiras não brote nem uma pinga. Mas a ameaça é real!
Já em 1995 o INAG ( Instituto da Água) alertava para a necessidade de os portugueses pouparem água, “ corrigindo os maus hábitos de desperdício”. Apesar da meritória intenção da campanha então realizada, os portugueses parecem nem ter perdido os maus hábitos de gastar água desenfreadamente, nem adquirido o bom hábito de beber diariamente em doses regulares cerca de 2 litros de água, quantidade necessária para restabelecer a que perdemos nas nossas actividades quotidianas.O assunto, repito, é demasiado sério para que continuemos a ignorar os sucessivos avisos que nos são transmitidos para pouparmos água.
Na Cimeira sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em Joanesburgo, em 2002, os Governos presentes comprometeram-se a diminuir, até 2015, o número de pessoas sem acesso a água potável e saneamento básico. Apagados os holofotes da Cimeira, os Governos parecem ter-se esquecido das suas promessas e, alegando problemas financeiros ou apenas questões políticas, esmoreceram o seu entusiasmo em fazer campanhas para alertar os cidadãos.
A comunicação social, por sua vez, quase sempre apenas preocupada com “os assuntos do momento”, raras vezes trata do tema e demite-se do seu dever de informar sobre questões essenciais à vida, contribuindo assim para que temas que de quando em vez afloram como candentes, caiam no esquecimento.
O problema da escassez de água é demasiado grave para ser remetido “para debaixo do tapete”, ou para fazermos como a avestruz. Mesmo nos países onde o abastecimento de água é abundante, a discussão do assunto é relevante mas, por norma, encarado como uma competência dos técnicos e dos políticos. No entanto, a sociedade civil não pode eximir-se ao debate ou tomar posição sobre temas tão importantes como a propriedade das redes de distribuição ( pública ou privada?), a regulação, o livre acesso, o preço, as políticas públicas ou o impacto de algumas infra estruturas no meio ambiente, susceptíveis não só de destruírem espécies, mas também de acelerarem a desertificação e contribuírem para aumentar a escassez de água. E é bom que todos nos vamos preparando não só para o aumento do custo da água, mas também para a possibilidade ( cada vez menos remota) de a breve prazo sermos confrontados com a imposição de racionamentos.
Hoje assinala-se, também, o Dia Mundial da Árvore. A propósito: sabe quantas árvores custa um hamburguer? Se não sabe, descubra aqui