Manel da Bisca era um ladrão conhecido em terras de entre Douro e Minho. Um dia foi presente ao juiz acusado de ter assaltado uma casa perto de Santo Tirso. Confrontado com a acusação, disse ao juiz:
- Não vale a pena interrogar-me, nem fazer nenhuma investigação, senhor doutor juiz. Se estou a dizer-lhe que não fui eu é porque não fui mesmo e fazer uma investigação para saber se participei no assalto só serve para perder tempo e gastar dinheiro.
O secretário de estado Paulo Núncio pensa da mesma maneira. Confrontado com a existência de uma lista de contribuintes VIP, nega.
O presidente do sindicato insiste e garante que foi o próprio secretário de estado a entregar essa lista.
A oposição pede que seja aberto um inquérito para apurar a existência da lista.
Estamos conversados. Não restam dúvidas que a lista existiu mesmo e foi Paulo Núncio a comprová-lo com o seu argumento infantilóide, embora o silêncio da ministra das finanças nesta matéria já tenha sido um indício.
Como era expectável, o governo esteve apenas a ganhar tempo para destruir quaisquer vestígios da sua existência. Agora, como já não haverá qualquer perigo de se lhe descobrir o rasto, o governo deu luz verde para abrir o inquérito.
Mas, não vá o diabo tecê-las, a loira do regime precaveu-se contra qualquer eventualidade e ordenou que fosse um organismo sob a sua tutela ( o IGF) a fazer o inquérito. Haverá algo mais transparente, para se concluir que a lista existe?