Depois de andarem num corropio a justificar as fugas contributivas de Passos à Segurança Social e os processos fiscais, os coelhistas esfalfam-se a dizer que o assunto está encerrado e que um engano, ou um atraso, na declaração qualquer um tem. Eu também admito que errar é humano e, embora nunca me tenha atrasado nas declarações de IRS, compreendo perfeitamente que uma pessoa tenha um deslize de vez em quando.
Agora, cinco anos seguidos a esquecer-se de entregar a declaração do IRS, ou a cometer erros na declaração já resvala para desleixo. Ora um pm tão desleixado não dá confiança a ninguém! E estou a ser simpático ao admitir que se trata de desleixo, porque me parece que o comportamento de Passos em relação ao fisco revela algo mais, que roça a disfuncionalidade. E um pm disfuncional ainda é pior do que um desleixado.
Os coelhistas podem insistir que o assunto está morto, como garante Marcelo, mas os portugueses não se esquecerão dele quando forem votar.
Dito isto, quero deixar bem claro que considero que o desvio da discussão política para assuntos desta natureza só beneficiaria Passos Coelho, que continuaria a vitimizar-se e a explorar a versão do ataque pessoal, para não discutir os temas que realmente interessam aos portugueses.
A ligeireza com que a ministra das finanças tem abordado nos últimos dias temas como a imigração dos jovens ( lá voltou à oportunidade de futuro que Passos brandira em 2011) ou a necessidade de prosseguir o ajustamento e admissão de que se for necessário o governo aplicará mais medidas de austerida( um pré- anúncio de futuros cortes em salários e pensões, quiçá um agravamento fiscal a fazer depois das eleições, se o governo for reconduzido) são questões que deviam preocupar o cidadão comum e os partidos.
Insistir na baixeza moral de Passos Coelho além de não ser novidade para ninguém, não leva a lado nenhum. Porque nem ele se demite, nem o PR cumpre o seu dever.
Viremos a página e centremo-nos no essencial: o futuro do país e as propostas apresentadas pelos diversos partidos para as questões que mexem com o nosso dia a dia e serão determinantes para o nosso futuro. É nisso que nos devemos concentrar até às eleições.