Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu, sem o admitir, que também foi “tocado” pelo espírito carnavalesco e sentiu a falta da tolerância de ponto. Na terça –feira de manhã ficou a gazetear trabalhar em casa e à tarde foi dar aulas mas, talvez por se tratar de um dia especial, em vez de vir para Lisboa, pela A5, veio pela Marginal.
E o que viu o professor Marcelo nessa sua viagem à beira mar? Praias a abarrotar de gente. Só que não era uma gente qualquer. Eram funcionários públicos que habilmente prolongaram a hora do almoço para se baldarem ao trabalho ( Malandros!) e mitigar assim um pouco a perda da tolerância de ponto- asseverava ontem o professor na sua homilia dominical.
Ao idenfiticar as centenas de pessoas nas praias da Linha, como funcionários públicos, Marcelo quis dar uma de Professor Bambo, entrando na arte da adivinhação, mas comportou-se como professor Bimbo.
Aquelas pessoas que estavam nos areais de Carcavelos não poderiam ser desempregados? funcionárioas autárquicos de empresas privadas e autarquias que não trabalharam? Não! Marcelo garante que eram funcionários públicos. Identificou-os com a mesma perspicácia com que, servindo de guarda costas a Pedro Soares Martinez, na Faculdade de Direito, olhava para os colegas grevistas, enquanto o mestre(?) vociferava:
“ Vocês vão arrepender-se! Eu fixo-vos a todos!”
Marcelo começa a tornar-se ridículo. Para defender o governo das asneiras que semanalmente comete, diz repetidamente que o problema é a falta de estratégia de comunicação. Para o professor Bimbo, perdão, Marcelo, o problema do governo não é cometer erros, é não saber comunicar de forma correcta, de modo a transformar os erros em medidas fantásticas, junto da opinião pública.
Quem aprendeu a cartilha do Estado Novo, nunca esquece. Marcelo é a prova disso. No entanto, se mantém o desejo de ser candidato a Belém, também ele deve mudar rapidamente a estratégia comunicacional durante as homilias dominicais. Começa a ser penoso ouvi-lo e, não tarda nada, ainda antes de se candidatar a Belém, já haverá muita gente a reclamar o que suplica em relação a Cavaco: alguém o ajude a terminar, com dignidade, a função de comentador.