Muito se tem falado, escrito e comentado, sobre a privatização da TAP, que este governo de fanáticos pretende concretizar a breve prazo, perante a indiferença da maioria dos portugueses.
Já aqui manifestei a minha discordância sobre a privatização da TAP e lamentei a passividade tuga, mas está em curso uma onda de privatizações muito mais lesiva para o dia a dia dos portugueses, de que pouco se tem falado. Refiro-me aos transportes públicos de Lisboa e Porto. Trata-se de um crime sem nome que ameaça destruir uma das grandes conquistas de Abril.
O que se avizinha num futuro próximo- assim que sejam concretizadas as privatizações- é o regresso à Lei da Selva em que cada uma das empresas concessionárias irá tratar da sua vidinha e dos seus lucros, menosprezando o interesse dos utentes.
Já temos o exemplo do desmembramento da Rodoviária Nacional, que deixou populações inteiras privadas de transporte adequado, obrigando muitos cidadãos a fazer uma deslocação de um dia para tratar de um assunto que se resolve em meia hora, porque as operadoras rodoviárias só põem a circular viaturas de manhã cedo e ao final da tarde. Assim se diminuiu, por via indirecta, o acesso das populações aos hospitais e centros de saúde, se infernizou a vida de crianças em idade escolar e se contribuiu para que muitas empresas encerrassem.
Concretizada a privatização / concessão das empresas de transportes públicos, teremos a supressão de carreiras, o aumento do preço dos passes, quiçá o fim dos passes intermodais que permitem acesso a vários transportes de forma articulada e assistiremos (indiferentes?) à entrada em vigor do sistema de transportes públicos exclusivamente voltados para o lucro.
E talvez se concretize a proposta de Álvaro Santos Pereira, de redução dos itinerários do Metro a partir das 21 horas, deixando populações como as da Amadora, Odivelas, ou mesmo Lumiar e Benfica, sem metropolitano a partir daquela hora.
O caminho faz-se caminhando e Sérgio Monteiro parece imparável na sua obstinação de destruir a rede de transportes públicos de Lisboa e Porto.