Ontem já aqui colocara as minhas dúvidas, mas ontem à noite o sr Feijó, presidente do CGPI ( Conselho Geral Putativamente Independente), fez questão de as dissipar em entrevista à RTP:
A demissão de Alberto da Ponte nada teve a ver com a sua qualidade profissional, nem com a fraca qualidade técnica do Plano. O próprio CGI, num desavergonhado flic flac à retaguarda, desmentiu o que meses antes dissera sobre Alberto da Ponte e prontamente corroborado por Poiares Maduro.
O que indignou o governo e por contágio directo o CGI, foi Alberto da Ponte ter querido recuperar a RTP com a compra dos direitos da Liga dos Campeões. Foi um inadmissível ataque às televisões privadas.
Descartado Alberto da Ponte, Feijó foi clarinho como água:
A RTP vai pode negociar a venda dos direitos dos jogos da Liga dos Campeões e das selecções nacionais com os canais privados. TVI e SIC agradecem. Apesar de as transmissões desportivas da RTP ( nomeadamente o Euro 2004) terem sido consideradas pela FPF as melhores de sempre.
Esclarecida a motivação do governo CGI na demissão do Conselho de Administração da RTP, fica por esclarecer quais as motivações que levam o governo a querer destruir a RTP, mas não tardará muito até que o saibamos.
Esta mixórdia de gestores e governantes que vai destruindo o país entregando tudo o que é público ao privado ( sabe-se lá com que proveito próprio) e impedindo as empresas públicas de crescerem e se tornarem rentáveis, tem de ter um preço. Os contribuintes pagam-no e alguns ( os suspeitos do costume) metem ao bolso uns trocos.
Curiosamente, à mesma hora que Feijó se escondia atrás do biombo e atirava para cima do próximo CA da RTP a responsabilidade dessa venda ( desejada pelo governo, por sua vez escudado no CGI) na TVI um tipo com apito na boca que, tal como o governo CGI, se proclama árbitro, mostrava a milhares de espectadores como roubar se tornou uma actividade tão banal como respirar.
Ainda há quem diga que não há coincidências...
N.E. - Não aconselho ninguém a perder tempo a ver a entrevista, mas sugiro a leitura deste resumo do Expresso, bastante elucidativo.