O irrevogável Portas já percebeu que Passos Coelho se livraria dele de bom grado, se encontrasse um pretexto consensual para o divórcio, dentro do PSD..
Vai daí, esqueceu as humilhações que lhe têm sido infligidas pelo pm e entrou numa fase de auto-promoção, procurando tirar dividendos de medidas do governo pretensamente impostas pelo CDS/PP. Presumo que tenha sido nessa onda que Adolfo Mesquita Nunes tenha sido chamado a desempenhar o papel de Cavaleiro da Triste Figura, naquela entrevista à RTP 2, em que atribuiu ao governo o sucesso pelo aumento do turismo no Porto e região Norte.
Ontem, Portas dizia que as pessoas iam sentir nos recibos de salários e pensões os sinais de recuperação da economia.
Portas esqueceu-se (?) que a recuperação dos salários dos funcionários públicos e das pensões dos reformados foi imposta por uma decisão do Tribunal de Contas e não por iniciativa do governo mas, sendo esses esquecimentos seletivos do líder do CDS uma característica da sua personalidade, relevo-lhe o lapso memorial e vou ao mais importante.
Mais grave é a denúncia feita pelo sindicato dos quadros técnicos do Estado, de que há trabalhadores da função pública a receberem menos do que recebiam antes da “devolução” de 20% dos cortes, por força da carga fiscal. Noutros casos, há discrepâncias entre o valor que os funcionários deviam ter recebido e o que efectivamente estão a receber.
Resumindo: quando olharem para os recibos, muitos funcionários públicos vão perceber que Marilú foi suficientemente ardilosa para recuperar, por via fiscal, as deduções que deveria devolver. Como de costume, Portas só saberá disso pelos jornais. Será então que muitos funcionários públicos vão perceber que as declarações de Paulo Portas são tão fiáveis como as destas jovens americanas e brasileiras do Estado de Minas Gerais que acusam um espermatozoide voador de as ter engravidado.