Abatidos os três cidadãos franceses que não souberam dar valor ao facto de terem nascido num país livre, as notícias sobre os atentados dos últimos dias em Paris vão desaparecer dos telejornais dentro de dias.
Muitos dos que saíram à rua, deixarão de ser Charlie. No próximo atentado serão Big Ben, Moulin Rouge, Alexanderplatz ou outra coisa qualquer. Como já foram Torres Gémeas, Atocha ou Metro de Londres
O que restará então na memória destes dias? O mesmo que restou dos atentados anteriores: mais medidas securitárias, menos liberdade, mais xenofobia, mais extrema direita, mais ódio e mais espírito de vingança canalizados para o sentido errado.
Os males da Europa não estão no exterior e não é com medidas xenófobas e de redução das liberdades individuais, nem com gritos de "não temos medo" que se resolvem os problemas.
Os males da Europa não estão no exterior e não é com medidas xenófobas e de redução das liberdades individuais, nem com gritos de "não temos medo" que se resolvem os problemas.
É dentro da Europa que os cidadãos, sejam franceses, alemães, gregos, ingleses, italianos, espanhóis ou portugueses devem procurar as causas destes actos de barbárie. E encontrar medidas para os evitar, preservando um dos valores fundamentais da civilização ocidental: a democracia
Continuar a tentar explicar apenas com causas externas os problemas que estão a corroer a Europa por dentro, é o mesmo que pensar que um móvel com caruncho pode ser restaurado apenas com uma pintura.
A história ainda não acabou. A avaliar pelo que fui ouvindo ao longo destes dias, penso mesmo que só agora tudo começou.