 |
Pequim: parece nevoeiro, mas não é. É poluição. |
É sabido que as alterações ao trânsito, na Av. Da Liberdade, contribuíram para a melhoria da qualidade do ar na baixa lisboeta.
Não espanta, pois, que tenham sido anunciadas novas restrições à circulação automóvel naquela zona, a partir de Janeiro.
Os lisboetas protestam, escarnecem da medida, mas muitos sabem que é uma questão de tempo até ser proibido o trânsito no centro de Lisboa. As portagens, virão depois. É uma inevitabilidade a que temos de nos habituar, no nosso próprio interesse.
Fiquei por isso estupefacto quando vi a reacção do vereador do PCP, Carlos Moura, às novas medidas. Disse ele, que restringir a circulação na Av da Liberdade e na Baixa “é condenar quem tem menos recursos a uma situação de impossibilidade da sua mobilidade”. Mas o vereador do PCP foi mais longe ainda, no seu afã de defender as classes trabalhadoras:
“ Não é exequível pedir aos munícipes ou aos que aqui trabalham que venham em transportes públicos que não lhes oferecem condições”- acrescentou.
Eu pensava que a maioria dos trabalhadores que exercem a sua actividade na Baixa andavam de transportes públicos por uma questão financeira e também por comodidade, pois a Baixa é bem servida de transportes públicos, mas devo ter-me enganado. Pelo menos os trabalhadores que o PCP defende vão de automóvel para o seu emprego na Baixa Pombalina e têm salários elevados que lhes permitem pagar estacionamento durante o dia inteiro.
Eu pensava que os trabalhadores que o PCP defende ganhavam, na maioria, o salário mínimo e que só os patrões e altos quadros tinham dinheiro para se deslocarem de carro ( muitos deles com motorista). Estou sempre a aprender com o PCP!.
De qualquer modo, sugeria ao PCP que explicasse ao seu vereador uma coisa muito simples: em defesa dos interesses da cidade, os trabalhadores devem habituar-se a fazer as suas deslocações em transportes públicos, para que seja possível continuar a respirar em Lisboa.
O aumento do turismo não pode ser desbaratado e devem ser tomadas medidas urgentes para evitar que o ar de Lisboa se torne irrespirável.
O turismo tem vindo a aumentar de forma exponencial e não é possível manter de forma sustentada esse crescimento, se Lisboa não for uma cidade com uma qualidade de ar minimamente aceitável. Muitos turistas já fogem de cidades com elevados índices de poluição, como Pequim. Como habitante de Lisboa, quero continuar a poder ver o céu azul e a ter aquela luminosidade ímpar de Lisboa, no maior número possível de dias do ano. Não quero viver numa cidade onde o céu esteja escondido por um capacete de monóxido de carbono que me dificulta a respiração, impede o sol de brilhar e alegrar a minha vida.
Nem quero ter de andar de máscara, para me proteger da poluição,como já acontece em muitas cidades asiáticas.
O vereador Carlos Moura- e o PCP em geral- devia preocupar-se com a qualidade de vida nas cidades, porque isso permite uma melhor qualidade de vida dos cidadãos. Para poluição já chega a dos transportes públicos e a dos tuc-tucs para satisfazer turistas.
O PCP - em vez de andar a fazer demagogia barata- deveria exigir, outrossim, que os autocarros de Lisboa utilizassem energias limpas, como já acontece em cidades modernas, como o Porto, por exemplo, que se preocupam com a qualidade de vida dos cidadãos. O resto é conversa de caça ao voto.