A China celebrou ontem o seu Dia Nacional, a braços com uma Revolução. Ainda que seja dos guarda-chuvas e decorra no longínquo sul industrializado, instruído, poluído e capitalizado, "pátria" de um dos dois sistemas do peculiar regime chinês, está a agitar .
A cada dia que passa os manifestantes vão subindo de tom, como que apalpando o pulso a Pequim, para verem até onde podem ir. Ontem os manifestantes jogaram forte cartada ao exigir a demissão do governador de HK, até ao final do dia de hoje, Caso o chefe do executivo não ceda, prometem ocupar "importantes departamentos do governo". Pequim não cede e reiterou o seu apoio a Cy Leung,
Até quando irá manter-se este braço de ferro que ( não tenho dúvidas) pacificamente ou à força irá pender para o lado de Pequim?
Washington- que não perde uma oportunidade para apoiar movimentos democráticos duvidosos com os resultados desastrosos que se conhecem- apressou-se a apoiar as aspirações democráticas da população de HK.
Faz parte do ADN americano tomar posições, sem analisar os factos e pesar as consequências. Se o fizesse, saberia que ao conceder a HK o direito ao sufrágio directo, Pequim está a dar ao território, - a partir de 2017- muito mais do que alguma vez os ingleses deram.
Os manifestantes não aceitam que seja Pequim a indicar os candidatos, mas ao recusarem a oferta do sufrágio directo, podem vir a perder muito mais. Ou seja, que voltem ao tempo em que os ingleses nomeavam o governador que lhes apetecia, sem consultar a população.
Teria sido pois de bom senso uma maior contenção dos americanos no seu apoio. Esta é uma "guerra" que não interessa a ninguém comprar.
O apoio dos países ocidentais ao movimento pró democracia deve ser mais cauteloso e, acima de tudo, mais inteligente.
Um apoio aos manifestantes exige enorme prudência. Caso contrário, pode atiçar um conflito que tende a extremar-se e que terá um vencedor óbvio. Pequim não irá aceitar as exigências dos manifestantes, nem tolerar que a situação se prolongue durante muito mais tempo. Uma cedência a HK poderia despertar movimentos semelhantes noutras províncias chinesas. A forma como Pequim tem procurado silenciar e desvalorizar os acontecimentos em HK, são sinal da preocupação do governo com um eventual efeito de contágio.
Por outro lado, o impacto das manifestações na economia do Território é de enorme dimensão, sendo o comércio e o turismo ( as actividades com maior peso no PIB de HK) os mais afectados, com perdas irreversíveis.
O encerramento de bancos e de bolsas, provocado pelas manifestações que estão a ocorrer em pleno centro administrativo, estão a influenciar negativamente as bolsas financeiras europeias e a agitar os mercados.
Acresce que em HK há uma parte da população que se tem insurgido contra as manifestações do grupo Pró democracia.
Apoiar abertamente os manifestantes que desafiam o governo de Pequim, pode ser um erro crasso. Até porque- é bom não esquecer- HK é frequentemente comparada a uma velha concubina, que durante a noite esconde as rugas com as luzes que lhe servem de maquilhagem mas, ao alvorecer, cai-lhe a máscara e toda a gente vislumbra a sua fealdade. O melhor é ter muito cuidado, para evitar surpresas desagradáveis, provocadas pelo encandeamento das luzes artificiais.
Pelo sim, pelo não, a China já mandou um aviso ao Ocidente: metam-se na vossa vida e deixem-nos tratar do assunto. Quem avisa, amigo é...