Ontem, os europeus foram surpreendidos com uma subida substancial de todas as bolsas e uma acentuada descida das taxas de juro. A que se deve a súbita e inesperada euforia dos mercados?
Dizem os analistas que foram as palavras de Mario Draghi que provocaram a agitação. Na sexta-feira, durante uma reunião de banqueiros, em Jackson Hole, o presidente do BCE terá reconhecido que falhou todas as metas para 2014 e apontou (ainda que timidamente) o dedo acusador ao excesso de austeridade. Finalmente, admitiu tomar novas medidas para salvar o euro.
Não nos entusiasmemos demasiado! O abrandamento da austeridade proposto por Draghi não abrange Portugal, nem outros países da zona euro em crise. Aplica-se apenas aos países ricos, como logo fizeram questão de salientar alguns comentadores económicos.
Mesmo assim, uma política expansionista dos países ricos beneficiaria Portugal, particularmente nas exportações, promovendo algum crescimento económico.
Tal como em 2007, a melhoria da nossa vida não depende exclusivamente do governo, mas sim da conjuntura internacional, nomeadamente europeia. Mas se há algumas razões para optimismo em relação a Draghi, o mesmo não se pode dizer sobre as notícias que vêm de França.
Manuel Valls, primeiro ministro francês, demitiu-se ontem. Insensível às críticas contra a austeridade dos ministros da economia, da educação e da cultura, Hollande vai dar novamente posse a Valls hoje. Promete mais austeridade, com ministros mais dóceis.
Surdo ( ou inebriado pelo elixir de uma nova amante?) Hollande não percebeu que até Mario Draghi já reconhece o erro da austeridade.
Isto não vai lá com socialistas domesticados.
E, já agora…. Nem com povos acomodados que não reagem porque, pura e simplesmente, não percebem o que se está a passar. É o caso do “Bom Povo Português”, um exemplo claro de que a melhoria das condições de vida não é suficiente para eliminar o analfabetismo de um povo.