Julho de 2013 começou com uma birrinha de Paulo Portas que ia desfazendo a coligação. Os juros da dívida pública dispararam. Pânico! Coelho puxou as orelhas ao ministro de coisa nenhuma e abriu uma embalagem do Serenal para políticos: ofereceu-lhe um tacho, num gabinete com vista para o Jardim Zoológico e convidou para o governo Pires de Lima, para fazer de caniche junto do parceiro da coligação.
Portas continuou sem fazer coisa nenhuma mas, fosse pelo efeito do Serenal, fosse pelo contacto com os animais, acalmou e não fez mais ondas.
Assitiu-se a uma reacção pavloviana dos mercados:os fiéis amigos mantinham-se no poder, os juros baixaram.
Durante um ano Pedro e a sua alcateia de lobos fizeram várias advertências aos juízes do TC: se chumbassem as suas leis viria o caos, a retoma seria interrompida , os portugueses obrigados a fazer mais sacrifícios e todo o esforço do governo iria por água abaixo.
Surpresa! O TC chumbou vários diplomas que aumentavam a austeridade e os juros continuaram a baixar...
Andavam as hostes coligadas em grande euforia anunciando amanhãs que cantam, uma retoma sem precedentes, um crescimento fenomenal, quando rebentou o escândalo BES.
" Não se preocupem, portugueses! Nunca vos exigiremos que paguem os erros de gestão dos privados"- vociferava Pedro, enquanto passava a mão pela melena para disfarçar a calvície.
No dia seguinte o sr. Silva - o moço de recados de S. Bento- foi interceptado por uma câmara de televisão entre duas entregas e logo se apressou a esclarecer:
"O BES? É um banco sólido. Os portugueses podem estar descansados".
E ambos foram a banhos para o Algarve.
Dias depois, enquanto o BES se afundava e a cotação das acções era suspensa, Pedro telefonou ao meia leca e deu-lhe a táctica para o serão de sábado na SIC. Como sempre, saiu-se na perfeição no desempenho do papel de vidente.
No dia seguinte, confirmava-se o estouro do BES. Os juros da dívida voltaram a subir. A ameaça de contágio pairou no ar e a necessidade de um segundo resgate chegou a ser ventilada.
Entre dois mergulhos na Manta Rota, Pedro telefonou ao capanga Montenegro a dar instruções.
" Diz às televisões que se o TC chumbar os cortes nos salários dos funcionários públicos e nas pensões dos reformados, desamparamos a loja e vamos para eleições antecipadas".
No Palácio Ratton, os juízes ouviram o recado. Resta agora saber quantos vão acreditar na história do Pedro e o Lobo e quantos se vão lembrar que a cada chumbo do TC às medidas de austeridade, correspondeu uma descida dos juros da dívida pública. Amanhã saberemos a resposta.
Em tempo: Apesar de estar em férias, Pedro percebeu o erro de mandar Montenegro fazer ameaças ( ou alguém da cor, no palácio Ratton, lhe terá telefonado a dizer-lhe que tinha cometido um erro grave?) e, dois dias depois, Marco António Costa e Miguel Macedo vieram negar qualquer possibilidade de demissão do governo, se o TC chumbar os cortes.
Seguro respirou de alívio e voltou a desferir ataques torpes a António Costa.