Ouvi dizer que em breve chegarão a Portugal, por isso, preparem-se e participem
quarta-feira, 19 de março de 2014
Pai, tiveste medo?
Numa época em que o desporto favorito dos jovens parece ser culpar os pais por todos os males que lhes acontecem, uma jornalista escreve um livro em que ousa perguntar: Pai,Tiveste Medo?
Catarina Gomes registou em livro uma série de depoimentos de filhos que descobriram a história da guerra colonial e as perversas consequências que teve para o futuro dos pais. Ao descobrirem as suas vivências na guerra colonial África, aprenderam a amar pais violentos ou desequilibrados , porque conheceram a sua história.
É o caso, por exemplo, de Teresa Capítulo, filha do soldado Capítulo prisioneiro do PAIGC em Conacri, onde viveu 33 meses de cativeiro. Libertado numa operação militar, não pôde revelar a ninguém de que modo tinha sido resgatado e voltara a Portugal e isso marcou a sua história de vida;
Ou de Alexandra Penteado, que via o pai como uma pessoa violenta e desequilibrada. Mais tarde, veio a descobrir que o pai era um veterano de guerra doente, mas tinha sido um jovem afável e bem humorado. A ida para a Guiné, como fuzileiro especial, transformou-o num farrapo e a vida familiar num inferno;
Ou também de Marisa que descobre na mala do pai o imaginário de um militar que queria vencer a solidão e escrevia febrilmente para várias madrinhas de guerra,
Ou ainda de Mariama , que vive em Portugal e soube que o seu pai, militar, tem um nome respeitado na Guiné. E muitas outras histórias em que os filhos percebem, pelas histórias de vida dos pais, que a guerra foi dura e explica muitos comportamentos “desviantes”.
Catarina Gomes escreveu um livro com histórias de vida, numa perspectiva marcadamente jornalística. Não é um livro para betinhos acomodados como Hugo Soares, nem para frustrados como José Gomes Ferreira. É um livro para gente!
Muitos pais deveriam oferecê-lo aos filhos, para que eles percebessem que a vida que hoje têm se construiu, em muitos casos, em dramas de guerra. Ou para que aquelas cabecinhas ocas, cimentadas em ódio pelos mais velhos, fiquem a saber que houve um passado e as gerações mais velhas não estão a roubá-los, mas apenas a ser retribuídas pelos sacrifícios que fizeram. Pelo país e pelos filhos.
Os Hugos Soares, Gomes Ferreira ou Passos Coelho deste país estão a trair os pais e a desonrar a História do país. Nunca terão sido bons filhos e nunca serão pais estimados, porque lhes falta o essencial da vida: amor e respeito pelos pais
Dia do bisavô
Está a decorrer desde ontem, no ISCTE, o Forum de Políticas Públicas. Silva Peneda, Miguel Cadilhe, Bagão Félix e Manuela Ferreira Leite foram algumas das personalidades, ligadas ao PSD e CDS que fizeram intervenções onde teceram fortes críticas ao governo e desmistificaram o sucesso que o governo, com a preciosa ajuda da comunicação social ( especialmente a imprensa dita económica) nos vende diariamente embrulhada em papel de celofane às florzinhas.
Esta manhã, Vítor Gaspar também fez uma intervenção e, à falta de melhores argumentos, acusou o bisavô de Manuela Ferreira Leite de ser caloteiro. Eu não gosto nem um nadinha de MFL mas ir buscar um bisavó, para atacar quem argumenta com dados concretos, não é próprio de gente de bem. MFL ainda se pode gabar de ter tido um bisavó com História. Já quanto a Gaspar, ninguém sabe quem é o pai, nem se o próprio Vítor teve a honra de o conhecer!
Já não estamos numa espiral recessiva. Estamos numa espiral discursiva, onde o único argumento é o insulto, a insídia e a provocação. Talvez não fosse muito grave, se as pessoas que recorrem a estas armas não tivessem (tido) responsabilidades governativas ao mais alto nível. No caso de Gaspar, a suspeita sobre a sua integridade moral é bem visível. Meses depois de ter admitido por escrito o falhanço das suas políticas para Portugal, é escolhido para um alto cargo no FMI. Se fosse um homem íntegro teria recusado, para evitar suspeitas sobre a sua honorabilidade. Ao aceitar, permite que os portugueses se interroguem se não foram moeda de troca no preço pago por Vítor Gaspar para obter um lugar no FMI...
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