O meu pai educou-me para ser feliz e não para ser rico. É uma dívida de gratidão que tenho para com ele. A educação que me deu não me permitiu acumular uma conta bancária choruda, mas deu-me a hipótese de criar o meu próprio banco. Um banco onde não se pagam juros, mas se aforram recordações. É um banco de imagens e de memórias dos 98 países que visitei, dos sete onde vivi tempo suficiente para criar raízes.
É certo que o meu pai nunca me disse que deveria aforrar para a velhice. (Tal como eu, devia confiar nas promessas dos governos e nunca lhe terá passado pela cabeça que, no dia de receber a reforma nos termos acordados com o Estado há 41 anos, viesse um grupo de ladrões, democraticamente eleitos para governar o país, dizer " Não pagamos!").Se alguma vez mo tivesse dito, o mais provável é que eu nunca tivesse ousado fazer da minha vida uma aventura para ser feliz. Talvez tivesse uma conta bancária choruda, mas não tinha o meu banco de imagens tão enriquecido de memórias inolvidáveis, que nenhum dinheiro pode pagar. O meu pai não me avisou para ser prudente e me precaver para a velhice.(Nem precisava, porque a morte prematura de três dos meus irmãos fez-me perceber melhor a transitoriedade da vida e ensinou-me a relativizar a importância dos bens materiais). Apenas me disse que o mais importante na vida é ser feliz. Estou-lhe grato por isso.
É certo que o meu pai nunca me disse que deveria aforrar para a velhice. (Tal como eu, devia confiar nas promessas dos governos e nunca lhe terá passado pela cabeça que, no dia de receber a reforma nos termos acordados com o Estado há 41 anos, viesse um grupo de ladrões, democraticamente eleitos para governar o país, dizer " Não pagamos!").Se alguma vez mo tivesse dito, o mais provável é que eu nunca tivesse ousado fazer da minha vida uma aventura para ser feliz. Talvez tivesse uma conta bancária choruda, mas não tinha o meu banco de imagens tão enriquecido de memórias inolvidáveis, que nenhum dinheiro pode pagar. O meu pai não me avisou para ser prudente e me precaver para a velhice.(Nem precisava, porque a morte prematura de três dos meus irmãos fez-me perceber melhor a transitoriedade da vida e ensinou-me a relativizar a importância dos bens materiais). Apenas me disse que o mais importante na vida é ser feliz. Estou-lhe grato por isso.
Hoje, infelizmente, muitos jovens - quiçá a maioria- não poderão dizer o mesmo. Vivem para acumular dinheiro e olham para os mais velhos como um empecilho descartável. Uma herançazita vinha mesmo a calhar, mas o velho nunca mais morre... Os velhos deixaram de ser fonte inspiradora para os jovens, exemplo de sabedoria, passaram a ser vistos como um entrave ao progresso.
Claro que isto não tem nada a ver com um sistema educativo que despreza a solidariedade e promove o individualismo, nem com a formação adquirida nas Jotas partidárias, nem com a desestruturação familiar e, muito menos, com a ascensão do jovem ao centro nuclear da família outrora ocupado pelo "pater familiae". Tampouco tem a ver com a inversão da pirâmide da sabedoria. A minha geração olhava para os pais e avós e via neles exemplos de saber; os jovens de hoje são a sabedoria. Olham para os pais e avós com condescendência- às vezes até com carinho- mas no íntimo pensam Coitados! Estão velhos... não se adaptaram à vida moderna. Vivem no mundo deles e não percebem nada do que se passa cá fora!
No meu tempo, os jovens olhavam para os pais como um exemplo a seguir. Agora, são os pais que devem seguir o exemplo dos filhos, para não serem vistos como botas de elástico ou caretas.
Talvez os jovens de hoje sejam mais felizes do que eu mas, muitos deles, nunca conhecerão o prazer de comprar um carro, uma casa, ou fazer uma viagem de sonho com dinheiro ganho à custa do seu trabalho, porque desde cedo se habituaram a explorar a separação dos pais para os chantagearem com exigências, que trocam por afectos plastificados de circunstância.
Nunca perceberão o prazer de uma conquista, porque nasceram e cresceram habituados a exigir.
Nunca conhecerão o significado da palavra Liberdade porque, desde cedo, na Universidade, nas Jotas, nos locais de trabalho, lhes ensinaram que vergar a espinha perante o superior, é o caminho para o sucesso.
Nunca perceberão o prazer de uma conquista, porque nasceram e cresceram habituados a exigir.
Nunca conhecerão o significado da palavra Liberdade porque, desde cedo, na Universidade, nas Jotas, nos locais de trabalho, lhes ensinaram que vergar a espinha perante o superior, é o caminho para o sucesso.
Quando estes jovens forem velhos, talvez sejam - como eu- surpreendidos pela evolução dos tempos. A diferença é que, muito provavelmente, a maioria não terá o prazer de sentir uma dívida de gratidão pela educação que receberam.