A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública convocou uma greve na Função Pública para o dia 8 de Novembro.
Não restam dúvidas de que os funcionários públicos têm sobejas razões para fazer greve e protestar mas, infelizmente, temo que esta greve seja um fracasso.
O funcionário público tem um comportamento muito peculiar. Barafusta, protesta, insulta o patrão nos corredores dos serviços e à mesa do café ou ao balcão da cantina, mas na hora de fazer greve a maioria procura justificação para não aderir.
Uma parte diz "ah e tal, eu até fazia, mas o dinheiro faz-me muita falta..."
Este grupo de funcionários públicos não percebe que, graças a essa justificação, o seu poder de compra, nos últimos cinco anos diminuiu cerca de 25 por cento! Não ter feito greve, para não perder um dia de salário, significou perder todos os anos regalias e dinheiro. Será que perante este ataque brutal, este grupo de funcionários públicos mudará de posição e aderirá à greve? Duvido.
Há um segundo grupo de conformados, cuja senha é " fazer greve não adianta de nada, porque eles fazem o que querem". Quando é que este grupo irá perceber que está a ver o filme ao contrário? O que na realidade se passa é que "eles" fazem o que querem porque os funcionários públicos cruzam os braços. São um caso perdido. Nunca farão greve!
Há finalmente um terceiro grupo dos bem instalados que argumenta "não acredito em sindicatos, por isso não faço greve" ( normalmente usa o mesmo pretexto para não ir a manifestações)
Este grupo é o dos não assumidos. Os seus membros vota(ra)m sempre num dos partidos do Centrão, como agradecimento pelo emprego que o partido lhes arranjou. A maioria também não fará greve.
Por tudo isto, temo que a greve de 8 de Novembro (
apesar de ter sido marcada para uma sexta-feira) seja feita apenas
"pelos tipos do costume". Terá impacto nos transportes, hospitais, escolas e pouco mais.
Os tipos bem instalados em serviços de faz de conta cuja maioria já devia ter sido extinta
( mas c
om os quais o governo não acaba por manifesta falta de coragem, porque é nesses que está a esmagadora fatia dos funcionários públicos afectos ao Centrão e porque atraem uma parte significativa das dotações comunitárias) não fazem greve. Esses e os precários a recibo verde que, se fizerem greve, serão despedidos no mês seguinte...
Ao final do dia 8 de Novembro, talvez não se discutam números, mas falar-se-á, indubitavelmente, sobre ( falta de) consciencialização e responsabilidade.