Como já disse, aquilo ontem foi um cocó. Vou tentar explicar rapidamente porquê...
Não é todos os dias que um PM tem direito a um
talk show de duas horas na televisão, mas isso demonstra que os assessores de PPC aprenderam com o exemplo de Chavez (
tão criticado por Lombas e similares) e Paulo Ferreira fez-lhes a vontade (
não foi em vão que Relvas o colocou lá, no lugar do Nuno Santos).
Voltando ao talk show
1- Os perguntadores foram pouco incisivos e, principalmente, nada concisos. Exigia-se-lhes perguntas directas, mas os portugueses, infelizmente, gostam mais de se ouvir do que fazer perguntas.
2- Esta falta de assertividade foi música para Pedro Passos Coelho.Permitiu-lhe ser evasivo nas respostas e centrar-se naquilo que lhe era mais favorável.
3- Passos Coelho aproveitou bem as suas capacidades de papagaio/actor. Levava as respostas engatilhadas (
fez bem o trabalho de casa) e a espaços conseguiu ser convincente e enganar espíritos mais distraídos. Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso da pergunta sobre o IVA da restauração.
4- A espaços demonstrou a sua capacidade de desenrascanço. Foi o que aconteceu numa resposta sobre o QREN. Com aquele estilo
Marco do Big Brother que lhe é tão peculiar, explicou que não permitiria que se cometessem erros dos anteriores Quadros Comunitários de Apoio, em que o dinheiro era dado a fundo perdido.
Se o Relvas estava a ver deve ter dado umas boas gargalhadas e dito para os seus botões: " Grande safado, Pedro! Não te fez jeito aquela formação de pilotos que fizeste na Tecnoforma? Não foi um excelente negócio? Não sejas mal agradecido, pá!"
5- La Feria deve ter ficado arrependido ( ele já pediu desculpas aos portugueses pelo erro) por nunca ter descoberto as capacidades ocultas daquele barítono que um dia foi a um casting.
6- Já na parte final, em resposta a uma pergunta de Carlos Daniel sobre Rui Machete, mostrou bem o carácter que o enforma e, a propósito de Paulo Portas, não deixou de dar uma facadinha no parceiro de coligação.
E, claro, como ontem já vos tinha dito lá deixou cair "distraidamente" o anúncio de que vem aí um Orçamento Rectificativo ainda para 2013.
No cômputo geral, foi hora e meia de tempo de antena. PPC poderia tê-lo aproveitado para disfarçar toda a sua incoerência, inconsistência (no caso das pensões de sobevivência) e o espírito vingativo que o anima. ( O TC obrigou a devolver os subsídios de férias aos funcionários públicos? Não faz mal, nós cortamos-lhes esse valor nos salários)
Não conseguiu. O que demonstra que poderia ter sido um excelente barítono ou vendedor de banha da cobra, mas nunca saberá desempenhar o papel de primeiro-ministro