Abstenho-me de fazer prognósticos sobre as autárquicas, ou cogitações prévias sobre o que será uma vitória e uma derrota de partidos do governo e da oposição.
Creio que muito mais interessante do que esse raciocínio especulativo dos comentadores encartados, é tentar – com base nas sondagens conhecidas- antecipar o cenário pós eleitoral em alguns concelhos, onde os independentes vão baralhar as contas e atrapalhar a vida aos vencedores e/ou aos seus partidos de origem.
É muito provável que no domingo à noite haja vencedores com sorriso amarelo e vencidos com um sorriso de orelha a orelha.
Escolhi para amostra os concelhos de
Porto, Matosinhos, Gaia, Sintra, Loures e Oeiras.
Porto- A vitória de Luís Filipe Meneses parece certa mas - tudo indica - será escassa. O PSD irá, muito provavelmente, cantar vitória , os holofotes televisivos vão incidir sobre ele na noite de domingo, mas na segunda-feira vai ter um grande problema para resolver. Com quem se vai coligar para garantir a governabilidade da Câmara?
Partindo do princípio que Nuno Cardoso não elegerá nenhum vereador ( ele só está na corrida para fazer o jeito a Meneses e atrapalhar a vida do PS) LFM terá de se coligar com o PS ou com o independente Rui Moreira (apoiado pelo CDS). Seria a aliança natural, pois repercutiria a nível local a aliança governativa. No entanto, se Rui Moreira – há muito bastante crítico deste governo- tiver algumas ambições políticas que extravasem a cidade do Porto, uma aliança com LFM é pouco provável.
E que fará nesse caso o PS? Dará a mão a Meneses? Seria um suicídio para um partido que está a perder influência no Norte- principalmente no Porto e em Braga, velhos bastiões socialistas.
Estou convencido que a aliança entre PSD e os independentes de Rui Moreira será a solução mais provável mas, para isso, LFM terá que fazer bastantes cedências.
A alternativa – improvável, mas nem por isso impossível - seria uma aliança entre PS e Rui Moreira . Poderia funcionar como balão de ensaio para uma aliança governativa entre socialistas e centristas após 2015 e deixaria de fora o vencedor laranja. Mais credível será a hipótese de- caso LFM não consiga fazer alianças- novas eleições para o Porto a breve prazo.
Gaia- Na outra margem do rio Douro o cenário é idêntico, mas a correlação de forças é diferente. O PS deverá ser o vencedor e o independente Guilherme Aguiar ficará em segundo, completando-se o pódio autárquico com o candidato do PSD, Carlos Abreu Amorim.
Também aqui não haverá maioria absoluta e os independentes servirão de charneira a uma solução governativa em Gaia. Para que lado cairá Guilherme Aguiar- candidato rejeitado pelo PSD local?
Tenho poucas dúvidas. Aliar-se-á mais facilmente ao candidato do PSD- apesar das fortes marcas provocadas pelo processo pré-eleitoral- do que ao PS. Poderemos estar, por isso, perante o caso de um outro concelho onde o vencedor não irá ter a vida facilitada e o cenário de novas eleições poderá ser encarado. Há, porém, uma nuance interessante. Caso o PS não consiga alianças e a câmara se torne ingovernável, obrigando a novas eleições, é muito provável que o candidato escolhido pelo PSD seja… Guilherme Aguiar!
Matosinhos- Apesar de uma grande recuperação nos últimos dias do candidato do PS ( o inenarrável Parada) as sondagens indicam que Guilherme Pinto - actual presidente da Câmara eleito em 2009 pelo PS- será o vencedor, seguido de Parada.
O PS viabilizará o mandato do actual presidente, aliando-se a Guilherme Pinto? Se o não fizer estará a dar mais um tiro no pé e, a norte, os socialistas já se auto flagelaram demasiadas vezes. É altura de ganharem juízo.
Apesar de as coisas estarem mais clarificadas em Matosinhos, do que em Gaia ou no Porto, as contas podem complicar-se se Parada for o vencedor.
( Amanhã farei a análise de Sintra , Loures e Oeiras)