Aproveitei o fim de semana prolongado para fazer uma desintoxicação de notícias. Não liguei a televisão nem li jornais, por isso nem sequer soube o que o coelho disse no Pontal.
Só antes de entrar no comboio que ontem me trouxe de regresso a Lisboa comprei “ o Público”. Comecei por ler a crónica do Vasco Pulido Valente e fiquei esclarecido: o funcionário que o grande capital colocou a dirigir o país, com a ajuda de alguns milhares de néscios que nele votaram, continua igual a si próprio: um abcesso palavroso. Repesco apenas algumas frases da crónica de VPV, bem ilustrativas da vacuidade do coelho falante:
“O dr. Pedro Passos Coelho foi ao Pontal, lugar sagrado da sua seita, onde se aliviou de um emaranhado de frases sem ordem, sem clareza e sem gramática. (…) Anteontem ( os comentadores) pareciam bruxas à volta de um endemoinhado. Nem o próprio público jantante o percebeu. Quase que não se ouviram palmas naquela audiência tratada a arroz de pato e muito bem sentadas em cadeiras de um hotel qualquer. Se aquilo é um partido político ( e eles juram que sim) não sei o que sucedeu à política.(…)
Tanto quanto consegui compreender, este presidente da JSD que inteiramente por acaso, manda em Portugal, acha que a leve aragem económica que no segundo trimestre passou pelo país confirma a subtileza e a correcção da sua política. Qualquer pessoa com um ou dois neurónios percebe a loucura de comunicar à populaça uma enormidade tão falsa e tão ridícula. Passos Coelho não percebe. (…)”
A crónica de VPV foi suficiente para perceber a acefalia discursiva do coelho mas, pela meia noite de domingo, quando finalmente me dispus a ligar a televisão para ouvir as notícias fiquei a saber – em complemento à notícia sobre o incêndio no Funchal- que a novidade trazida por este comício de rentrée ( que as televisões devem ter considerado de grande importância, para ainda fazerem dele notícia 50 horas depois de ter terminado…) foi ter abandonado o bunker de 2012 e voltado ao Calçadão da Quarteira.
Ali, acolitado por uns tipos de sorriso idiota e comprometido que exercem funções governativas ou similares, PPC ameaçou o Tribunal Constitucional e insistiu na bondade da sua política. É difícil contrariar néscios. Complicado argumentar com gente vendida a interesses financeiros. Inútil contrariar autistas.
Assim, a vida continua com a mesma placidez de há uma semana, o mesmo conformismo tuga, gozando os prazeres da praia sob a canícula do meio dia.
Como dizia Mugabe há dias, após ter sido reeleito para um novo mandato, quem não gostar suicide-se. Ou emigre. Em 2015, continuaremos a ver nas páginas das revistas cor de rosa a cena que foi o grande sucesso deste Verão 2013: tugas a fazer fila na Manta Rota para tirar uma fotografia com Pedro Passos Coelho.
Se os tugas acreditam mesmo que PPC está a salvar o país, deixemo-los ser felizes.